A discussão ampla possibilita a visibilidade

Nos últimos 10, 12 meses, o que se mais discutiu em Itaúna foram os problemas do transporte coletivo urbano e rural no município. E nós na FOLHA sempre estivemos no centro dos embates, pois, como imprensa e como cidadão itaunense, nos sentimos na obrigação de fazer o nosso papel de jornalista vigilante nos interesses do povo, principalmente aquele trabalhador que reside nos bairros e depende exclusivamente do transporte coletivo no ir e vir para trabalhar, estudar e fazer suas compras, e/ou cumprir com os seus compromissos no centro da cidade.
A discussão que existe, desde o início foi polêmica, porque o prefeito anterior nunca conseguiu enxergar a situação como grave para todos os lados envolvidos, município, cidadão e empresa, e apenas se preocupou em resolver a situação de forma impositiva e sem dialogar com o Poder Legislativo, que é o representante do povo, tentando literalmente “enfiar goela abaixo” suas pretensões na situação. E quanto mais a administração anterior buscava caminhos de imposição e jurídicos, e mostra postura agressiva e pretenciosa, mais os problemas em relação à efetiva solução para o caso do preço da passagem e a recomposição dos prejuízos da empresa no período da covid se complicavam. E agora chegou a tal ponto que não se discutia mais uma solução, apenas a solução jurídica tornou-se a única. Porém essa é longa e desgastante, e não interfere na questão da recomposição da passagem.
E, assim, a empresa, nas últimas semanas, pediu o reajuste da passagem, e, sabemos, ela precisa de fato deste aumento, pois tudo no país nos últimos meses teve aumento, principalmente no setor de transporte, como combustível, peças e salários. Ou seja, não há empresa que consiga prestar serviços sem que seus preços estejam compatíveis com os do mercado. Então, depois das últimas manifestações esta semana e dos posicionamentos do prefeito em relação à situação, o que temos a colocar é que não há outro caminho a não ser o do diálogo, principalmente com os vereadores, para se chegar a um consenso em relação ao caso.
Como já expressado por várias vezes aqui, não estamos contra a empresa, mas o que entendemos ser natural é que o imbróglio criado pela administração passada, forçando uma resolução sem uma discussão aberta com os vereadores e até mesmo uma explicação à população, através da imprensa e outros meios de comunicação, prejudicou e muito uma definição. A decisão de levar para a Justiça a questão da reposição dos R$ 18 milhões, por exemplo, sem que se explicasse claramente e de forma ampla a situação do período da covid, foi totalmente equivocada em nossa opinião.
Agora, com o pedido de reajuste, o que o prefeito Mitre tem que fazer é mesmo o que já está colocado: debater, fazer propostas e colocar na mesa para que os vereadores e até mesmo a população, através dos seus representantes, deem opinião. Na quinta-feira, o prefeito já anunciou que quer a passagem entre 4 e 5 reais e que, aos domingos, a proposta é de que seja R$ 1,00. O restante do valor seria coberto pelo Município, ou seja, entre R$ 2,80 ou R$ 3,80. Apesar de ter colocado na semana anterior que isso seria um absurdo, estou convencido, após estudar os debates sobre a questão do transporte público em Belo Horizonte, que não há outra solução, é o melhor caminho mesmo.
Quanto à questão da reposição do período da covid, ela é mais complexa e o debate deve ser maior. Continuamos não concordando com a situação, mas, por outro lado, entendemos que, se a Justiça decidir que tem que pagar, não há também o que discutir. É pagar e encerrar mais esse imbróglio, porém, como já afirmamos por dezenas de vezes, com bom senso e entendimento com a empresa, mostrando que ela precisa fazer a sua parte na questão dos veículos novos, guaritas, horários, dentre outros. O que não pode ocorrer e continuar é essa situação de indefinição e o usuário sofrendo as consequências dia a dia.
As reuniões com os vereadores membros da Comissão de Transporte da Câmara Municipal, composta por Dalmo Assis, Beto do Bandinho, Wenderson da Usina e com o Presidente da Câmara, Antônio de Miranda, e o prefeito Gustavo Mitre, no decorrer desta semana, estão evoluindo, e o prefeito, conforme as informações, quer dialogar para que, num consenso, se chegue no melhor para os usuários e empresa. E, conforme release da Administração, a intenção é o empenho do poder público para garantir um transporte mais digno, eficiente e acessível, promovendo melhor qualidade de vida para todos os itaunenses usuários do transporte público.
Queremos deixar claro que defendemos uma negociação justa para a empresa, que, observados os considerandos, também está prejudicada, como já frisamos acima, pois os insumos subiram muito. Mas ela tem que rever a sua prestação de serviços e, mais que isso, tratar com respeito o usuário. A verdade é que o embate é complicado e Gustavo Mitre acertou ao anunciar a formação de uma comissão para analisar a situação do contrato e as perspectivas sob todos os ângulos. Agora é esperar para ver. Uma solução plausível, com certeza, terá.