Aberração no SAAE

Não sou um entendedor sobre como armazenar, tratar e distribuir água para consumidores, mas sabedor de que, desde os tempos primitivos, ninguém sobrevive sem água, e, nos tempos modernos, ninguém vive sem ela chegando em sua residência de forma contínua e devidamente tratada. E, conforme informações constantes chegadas à nossa redação, o caos se instalou na cidade e em todo o sistema de trabalho do nosso Serviço de Água e Esgoto – SAAE, uma autarquia municipal que sempre foi motivo de orgulho, pois serviu de modelo para outros municípios, por décadas.
Sinceramente, não entendo como deixaram as coisas chegarem ao ponto que chegaram. Consta que a atual direção já não consegue atender à demanda de queixas de falta d’água, mas também consta que, dia a dia, busca solução. Depois de ouvir a direção da autarquia, ouvi também alguns vereadores, e de fato a situação não está fácil pra ninguém. Da parte dos vereadores, a opinião é a de que houve mesmo falta de competência da gestão anterior, pois em relação à justificativa diária de que não havia recursos para investir em obras para expansão da rede e para o armazenamento da água, que buscassem alternativas via financiamento, por exemplo, mas deixar o povo sem água, não poderia nunca. E se houve foi falta de compromisso, não meu entendimento, é prevaricação, pois a questão é de causa pública. Um dos vereadores ouvidos e que sabia o que estava ocorrendo na gestão passada, pois acompanhava de perto a situação na autarquia, me disse que por várias vezes chegou a alertar o prefeito, mas que este não conseguia ver solução na gestão do SAAE, e respondia que não adiantava “vestir um santo e desvestir outro”, ou seja, deixava a direção da autarquia seguir fazendo m.... ou não fazendo nada.
Mas ficar falando dos malfeitos do passado não vai resolver a questão, então é buscar alternativas para resolver o sofrimento da população das áreas afetadas, sendo elas, na maioria, em bairros mais novos, mas tem bairro antigo que cresceu com o decorrer dos anos e as melhorias não acompanharam. Na zona rural acontece o mesmo, e a comunidade de Pedras é um exemplo. É como a vereadora que representa a comunidade disse na Câmara: “A comunidade recebeu mais gente, tem indústria, como a fundição, dentre outros fatores, e não procuraram melhorar os serviços de água”. Ela tem razão, deixaram o tempo passar.
Outro vereador ouvido afirmou que as reclamações são muitas e que o sucateamento da autarquia por oito anos é um fato, inclusive, disse, em pleno plenário da Câmara, afirmou no mandato passado, que estavam fazendo aquilo de propósito para enviar para a Câmara um projeto propondo a terceirização da Autarquia Municipal. Isso acabou não acontecendo, mas o sucateamento é fato incontestável entre todos que lidam junto aos serviços públicos municipais, inclusive, de funcionários do Município, que não podiam fazer nada, a não ser lamentar, como confidenciou um deles a este jornalista.
As informações atuais são de que o período é de levantamentos, planejamento, de organização interna, para que se possa iniciar o processo de modernização interna que vai possibilitar a execução de serviços que vão resolver a longo prazo os problemas atuais, como o de falta de água em alguns setores da cidade. É fato que não há como esperar esse processo de revigoramento interno para depois resolver os problemas externos, que são os principais, então, conforme afirmou o diretor da autarquia em matéria que está sendo veiculada na página 03 desta edição, várias atitudes já foram tomadas e dentre elas estão as perfurações de poços artesianos no Vale dos Pequis, em Pedras, no Sumidouro, e que agora é concluir os serviços de interligação às redes de distribuição de cada localidade, para superar o problema de falta d’água. Adiantou também o diretor do SAAE que, mesmo sabendo que os problemas são muitos, não há como solucioná-los de uma hora para outra, é preciso tempo para a realização das obras.
Diante desta aberração que é o sucateamento da autarquia SAAE, é a consequência do descaso da administração anterior para com a população, o que é gravíssimo, pois, como já afirmei, isso é, em minha opinião, prevaricação. Ou seja, é crime. Pois o ato ou o efeito de prevaricar é crime cometido pelo funcionário público quando, indevidamente, este retarda ou deixa de praticar ato de ofício, ou pratica-o contra disposição legal expressa, visando satisfazer interesse pessoal. Não há desculpas, não há “corpo mole” de funcionário estável ou concursado e muito menos alegações aleatórias que convençam o contrário.
É o que concluo, cometeram crime, a direção do SAAE e o senhor prefeito municipal, que, como gestor eleito, não poderia assistir passivamente ao sucateamento de uma Autarquia, e muito menos deixar que serviços essenciais fossem colocados em risco de funcionamento, deixando a população vulnerável ao recebimento destes no dia a dia. É impossível ao ser humano viver sem água. Precisamos dela para tudo, e com qualidade. E mais, pagamos para que isso aconteça. Mas, para isso, é essencial que os serviços funcionem de forma cronológica e eficiente diariamente.
A única opção agora é exigir que os serviços provisórios sejam feitos rapidamente, para que as localidades sem água passem a recebê-la diariamente sem atropelos, e aguardar os términos das obras essenciais para a solução definitiva. Mas também ninguém pode exigir milagre, pois este não existe, é preciso tempo mínimo e serviço. E fica a lição de que até os competentes falham, não é mesmo, Senhor Neider Moreira de Faria? Um ex-prefeito municipal que vai ficar reconhecido por não conseguir manter os serviços eficientes prestados por anos e elogiados Minas Gerais afora por décadas. Lamentável! E reafirmo: o que aconteceu com a autarquia SAAE, infelizmente, não tem outra definição a não ser uma ABERRAÇÃO.