Ainda não entendi o contraste
Redação Folha do Povo 
Janeiro, fevereiro, março... 90 dias. E, ao que parece, o Senhor Mitre chegou, chegando, como dizem por aí... Não vou aqui fazer comparações entre governos e muito menos defender um ou outro, mas vou afirmar que estou de fato surpreso com os resultados apresentados até este momento. Parece que, na administração passada, estava faltando era fé e reza para as coisas andarem, pois é interessante como tudo se encaixa até aqui para o Senhor Mitre, e com o Senhor Neider ficava tudo truncado. Não estou exagerando, é constatação.
Esta semana pudemos assistir ao desfecho da questão valor da passagem e subsídio ao transporte coletivo. Um assunto que está sendo debatido faz mais de seis meses e que não teve conclusão no ano passado. O desfecho foi na forma de consenso com o Poder Legislativo, que aprovou as propostas do Executivo por unanimidade, e a maioria dos vereadores ainda teceu elogios à forma de condução do Executivo, que soube dialogar, ouvir e “costurar” um acordo para beneficiar a todos e terminar com a pendenga. O reequilíbrio financeiro, este está na Justiça, e a decisão já não depende mais do Município. Então assunto encerrado. E, assim sendo, vamos para outro.
O setor da Saúde, na administração anterior, funcionou a contento, mas não apresentou nada de extraordinário, e aí vejo que, em 90 dias, eles reformam um PSF, o do bairro Cidade Nova, e o colocam para funcionar até as 22 horas, e na última semana anunciaram que outro vai funcionar até o mesmo horário, agora o PSF do Bairro Padre Eustáquio, e disseram que já, já anunciam outros...
Fizeram um carnaval muito melhor que os dos 8 últimos anos, e que ficou muito mais barato, mais organizado e agradou a todos. Já pagaram a festa toda e economizaram para os cofres públicos. O calçamento da estrada do Morro do Bonfim vai ficar mais barato e pode ficar melhor que a encomenda... O passivo ambiental da Secretaria de Meio Ambiente foi eliminado nesses 90 dias, e agora querem começar a eliminar o passivo na engenharia, para poder fazer com que o dinheiro gire na cidade e produza emprego e renda.
Sinceramente, ainda não entendi qual a mágica feita até aqui pelo Senhor Mitre, uma mágica que, reafirmo, nesses 90 dias, está fazendo a diferença, pois, na administração anterior, nada podia, porque não havia recursos, nada andava e tudo era mais complicado, porque não havia recursos... Nada dava certo, porque os vereadores não aprovavam, haja vista a questão do subsídio do transporte coletivo, que possibilitou a redução do custo da passagem para o cidadão trabalhador que usa o transporte e para o empresário, que paga essa passagem na maioria das vezes. No meu entendimento, a diferença está, primeiro, na vontade de fazer, na visão do problema e, principalmente, na condução política de Mitre. Estava na Câmara na terça-feira e presenciei uma postura completamente diferente de vereadores que estavam totalmente contra a matéria no ano passado e que afirmavam que não aceitariam nada “goela abaixo”. Então venceu o diálogo, ou seja, a condução política. E venceu e vai continuar vencendo, pelo que estou percebendo, pois não há imposição, e, assim, do outro lado, não há “pirraça”, como afirmaram em plenário.
Faço, mais uma vez, uma crítica contundente ao alcaide, que saiu porque ele, como sempre, desde que está na política, pensou sempre na sua atuação antes de pensar na administração, pensou no seu eu e não no que era e é melhor para o povo, e por isso não conseguiu determinadas empreitadas junto ao Legislativo e ao próprio povo, que respondeu nas urnas. E, infelizmente, com isso, perdeu a cidade num todo, pois poderia ter avançado muito mais em todas as áreas. Não vou aqui mentir, afirmando que o ex-prefeito não fez uma boa administração. Fez. Mas poderia ter sido de maior resolutividade em prol de um todo e de menor custo num todo.
Para o Senhor Mitre, serão quatro anos de um mandato vigiado, cobrado e com muitos problemas para resolver. Entendo que agora o mandato de fato começou, mas continuo afirmando que estou achando interessante como ele e sua equipe já solucionaram gargalos que estavam travados em vários setores da administração. Tem coisas complicadas por vir, mas o que vai importar é a resolutividade, repito. Pois é preciso implantar a Guarda Municipal com urgência, urgentíssima; é necessário resolver a questão da travessia do Padre Eustáquio na MG-431; é primordial a reurbanização e revitalização da Praça Dr. Augusto; é necessário a reformulação do trânsito em todos os sentidos; é fundamental e também urgentíssimo acabar com as pessoas em situação de rua; é urgente continuar olhando para o hospital como nosso único “ponto de pouso” para urgências e emergências; é fundamental um plano de governo para o fomento do parque industrial; e é primordial uma restruturação administrativa para que se possa fazer tudo isso.
Achamos que tudo vai dar certo, e não vai aqui nenhuma “pirraça” em relação ao político Neider Moreira. Pois ele foi ele, apenas isso. Não governou para o povo, e sim para ele, para satisfazer o seu ego. Poderia ter feito muito mais se tivesse ouvido mais, sabido dialogar para obter apoio e “jogado aberto” com todos, inclusive, com os opositores. Mas preferiu, como dizem, optar por governar “a ferro e fogo” e não obteve o sucesso pretendido. Pode voltar ao poder...? Pode, pois o tempo passa, as lembranças se perdem e novas chances surgem, e ele pode amadurecer politicamente para entender que nada se faz ou se constrói sozinho. É sempre preciso estar desarmado para se chegar ao consenso, que vai se transformar em reconhecimento. E este é incontestável.
