Antônio Augusto de Lima Coutinho: Amor e Serventia
Nas terras outrora silenciosas de Ouro Preto, onde o barroco sussurra histórias de heroísmo, nasceu em abril de 1898 um homem cujo destino seria confeccionado no ambiente de tecelagens itaunenses, onde ele tingiu compaixão e dedicação: Antônio Augusto de Lima Coutinho.
A jornada acadêmica conduziu-o pelos corredores da medicina, onde transformaria vocação em missão. Diplomado em 1922, no Rio de Janeiro, jovem de 24 anos, carregava em suas mãos não apenas um diploma, mas um compromisso sagrado com a o legado de Manoelzinho do hospital.
Itaúna o acolheu como um filho, não por nascimento, mas por escolha. Em 1923, instalou seu consultório e abraçou a “Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira” como seu templo de cura e esperança. Ali, não era apenas um médico, mas um guardião de almas, o que lhe rendeu os honrosos títulos de Irmão Benfeitor e Irmão Benemérito.
Ao lado de Dona Nair Chaves, sua companheira celestial, construiu um jardim de nove filhos - cada um, um rebento de sua essência generosa. Médicos, professores, profissionais que carregam o DNA da generosidade paterna: dr. Helênio Enéas Chaves Coutinho; dr. Rômulo Augusto Chaves Coutinho; dr. Juarez Carlos Chaves Coutinho; dr. Evandro Alberto Chaves Coutinho; professor Marco Elísio Chaves Coutinho; dr. Jairo Célio Chaves Coutinho e dr. Helder Marques Chaves Coutinho, bem como as queridas senhoras Maria Ângela e Ângela Maria.
A primeira participação política de dr. Antônio Augusto de Lima Coutinho em Itaúna se deu no contexto da revolução de 1930, da qual era grande entusiasta e defensor. Por isso mesmo, fez parte do primeiro Conselho Consultivo, em substituição às Câmaras Municipais, empossado em 27 de dezembro de 1930.
Como prefeito, entre 1947 e 1951, transformou administração em poesia cívica. Seus olhos não enxergavam apenas problemas, mas possibilidades. Saneamento, educação, estradas vicinais - cada obra era um verso em seu poema de desenvolvimento. Em seu mandato, encaminhou investimento prioritário para o abastecimento d’água, a extensão da rede de esgotos e o combate às moléstias endêmicas. Combateu a malária com a mesma determinação com que lutava contra o sofrimento humano. Sua medicina transcendia o consultório; era um sacerdócio de cuidado e esperança.
No magistério, revelou-se educador sublime. Professor de francês e psicologia educacional, modelou almas jovens com a mesma delicadeza com que tratava seus pacientes. Suas palavras eram sementes de conhecimento, plantadas em terrenos férteis da juventude itaunense.
Católico autêntico, sua espiritualidade era transparente como água cristalina. Faleceu em uma manhã de Corpus Christi, data que simbolizava sua essência: doação, amor, entrega. Aos 84 anos, deixou um legado que ultrapassa números e datas. Deixou histórias, sorrisos curados, vidas transformadas.
Um poeta da existência, um artesão de esperanças, um guardião de vidas: muito se guarda em fragmentos da vida de Dr. Coutinho pelas ruas de Itaúna. Muito mais do que as novas gerações de políticos, médicos e professores sabem sobre este nobre médico, professor, e sobretudo, ser humano.