Após ação da Câmara, prefeito anuncia redução no preço da passagem

Como ocorreu em Belo Horizonte, negociação garante repasse de subsídio, mas com redução de preço da passagem e atendimento a outras várias condicionantes

Após ação da Câmara, prefeito anuncia redução no preço da passagem
Divulgação/FOLHA
Após ação da Câmara, prefeito anuncia redução no preço da passagem
Após ação da Câmara, prefeito anuncia redução no preço da passagem


Nesta semana, em audiência pública ocorrida na Câmara, na segunda-feira, dia 28, com representantes da Prefeitura e da concessionária do transporte coletivo, vereadores itaunenses “bateram o pé” e negaram a aprovação de um subsídio neste ano, de R$ 10 milhões, e mais a aprovação de inclusão na LOA – Lei Orçamentária Anual, de espaço para o repasse de mais R$ 16 milhões em 2024, para a empresa Viasul, responsável pelo transporte coletivo em Itaúna.

Conforme a proposta do prefeito que chegou à Câmara, seria feito o repasse, ou a passagem teria que ser reajustada para o valor de R$ 6,52. Também não foram enviados em anexo ao projeto, as condicionantes a que a empresa estaria sujeita, caso os valores fossem aprovados.

Porém os vereadores “bateram o pé”, conforme ocorreu em Belo Horizonte, e cobraram contrapartidas para a população, para aprovar o subsídio. O vereador Alexandre Campos, na audiência, foi incisivo e chegou mesmo a afirmar que “a passagem deveria é ser reduzida e não colocar como condicionante para o subsídio, um possível aumento da passagem”.

Outros colegas do vereador seguiram na mesma linha e a audiência chegou ao final com a informação de que dificilmente os valores seriam aprovados, sem algum benefício à população e a cobrança de obrigações à empresa.

Na reunião ordinária, da terça-feira, 29, o tema voltou à discussão e, mais uma vez, a maioria dos vereadores mostrou que não estava disposta a aprovar os pedidos do prefeito, simplesmente porque havia a ameaça de aumento da passagem. Até concordavam com o subsídio, assim como está acontecendo em outros municípios, mas a população não poderia simplesmente pagar e a empresa não ter que cumprir com suas obrigações.

O vereador Kaio Guimarães não queria negociação. Propôs o confronto, afirmando que os projetos do prefeito deveriam ser rejeitados e que Neider Moreira, literalmente, se virasse, pois a obrigação de dar uma solução ao problema era dele.

Da Lua, Lacimar Cesário (Três) e Alexandre Campos, pregavam a negociação. Lacimar chegou inclusive a dizer que “aumentou a veia do pescoço” – se referindo a alguns vereadores – que estariam defendendo uma posição política e cobrou o diálogo. Da Lua foi no mesmo sentido, assim como Alexandre Campos.

Nos bastidores

A FOLHA apurou que, nos bastidores, políticos agiram, dentre eles Alexandre Campos, inclusive com uma discussão incisiva na manhã de hoje no gabinete do prefeito, quando aos gritos e murros na mesa, dos dois lados fez o prefeito entender que o melhor seria ceder, ou então ficaria com uma “batata quente nas mãos”, como dizem no mundo político. Se desse o reajuste, subindo a passagem para R$ 6,52, seria lembrado por isso eternamente e poderia até mesmo comprometer seu futuro político.

A empresa deveria conseguir o reequilíbrio financeiro, mas o serviço precisa melhorar, pois está piorando a cada dia. Não deveria ser atendida simplesmente na questão financeira e deixar as demais questões para depois. Com isso, Neider convocou a coletiva, e ao lado do presidente da Câmara, Nesval Júnior, anunciou a redução no preço da passagem e as condicionantes anexadas, se os subsídios forem aprovados.

Reunião extraordinária convocada para amanhã, às 18 horas

Agora a situação depende da aprovação dos vereadores ao projeto liberando o subsídio de R$ 10 milhões neste ano e a liberação de mais R$ 16 milhões no próximo ano.

Porém, conforme apurou a reportagem, serão exigidas as condicionantes anunciadas pelo prefeito, anexadas nos projetos – 30 guaritas, reforma da frota com 10 novos ônibus até final de 2024, implantação de GPS para que passageiros possam acompanhar deslocamento dos ônibus nos itinerários, cumprimento de horários, melhoria na limpeza dos coletivos, implantação de sistema que garanta a validade de créditos de passagens por pelo mens 12 meses, dentre outras, inclluindo punições pelo não cumprimento.

Conforme um dos vereadores ouvidos pela reportagem, “tem que ser colocado tudo no papel, assinado, para que a empresa seja cobrada. Inclusive a informação de que, com o não cumprimento de algum item, não poderá ser feito o repasse do subsídio. É preciso essa precaução pois muitas cláusulas do contrato não são cumpridas, e a empresa não é punida”, disse.

Caso os vereadores aprovem, a passagem deve ser reduzida para R$ 4,50 (redução de 12,5% no valor), já a partir de sábado.

As contas que precisam ser feitas...

Um político da cidade, em contato com a reportagem, após a entrevista coletiva com o prefeito fez o seguinte alerta: “na realidade, o que o prefeito fez foi reduzir um pouco o subsídio, de R$ 26 milhões, para R$ 23 milhões, com essa redução de cinquenta centavos no valor da passagem. Serão em torno de R$ 2.880,00 de redução no faturamento, levando em conta a média mensal de 360 mil passageiros-mês (isso se não aumentar a média), multiplicados por 50 centavos. Assim, a empresa vai ter um faturamento garantido de R$ 23 milhões, pelo menos, mais os R$ 4,50 multiplicados pelos 360 passageiros/mês. As condicionantes são as mesmas que já estavam em contrato, e que não vinham sendo cumpridas. Então, aprovando o repasse, os vereadores devem fazer exigências que beneficiem a população, que é quem vai pagar a conta. A redução na passagem será de cinquenta centavos, o que representa menos de R$ 3 milhões em 16 meses (4 meses neste ano, mais 12 no ano seguinte). Podem incluir também, gratuidade nos finais de semana e outros benefícios, assim como foi feito em Belo Horizonte”, arrematou.