“Candidatas laranjas” em Itaúna?

Informações de que um partido questionou candidatas com um voto cada precisam ser “levadas a sério”

“Candidatas laranjas” em Itaúna?
Foto: Reprodução




Nos últimos dias, circulou nos meios políticos a informação de que teria sido encaminhada à Justiça Eleitoral a denúncia de uso de “candidatas laranjas” em Itaúna, visto que ambas conquistaram apenas um voto, cada, dos partidos União Brasil e Mobiliza. Em resposta às acusações, foi apontado, ainda, uma candidata que obteve 9 votos, que se candidatou pelo PSD, partido que estaria denunciando o problema, conforme as informações. 

A reportagem da FOLHA fez um levantamento nas redes sociais das três acusadas, bem como no site DivulgaCand 2024, onde são postadas as prestações de contas. Foram levantadas informações que apontem, por exemplo, ações de campanha das acusadas e, ainda, movimentação financeira que possa apontar inércia, mesmo que essas prestações de contas ainda não estejam concluídas. 

As candidaturas envolvidas são de Irene Alves, candidata pelo União Brasil, com o número 44.779; Ana Paula Rodrigues, pelo Mobiliza, com o número 33.444; e Erlaine Cristina, pelo PSD, número 55.999. As duas primeiras obtiveram apenas um voto cada uma; e a terceira, nove votos. As acusações apontam o quantitativo “irrisório” de votos, o que caracterizaria a situação de “candidata laranja” – que foi inscrita para cumprir a cota, mas que não teriam feito campanha. 

Nas redes sociais 

A reportagem verificou, no início da semana, as páginas das acusadas no Facebook e no Instagram. Irene Alves, do União Brasil, tem diversas postagens com pedidos de voto na sua página do Facebook e no Instagram, inclusive, nesta última rede, parece que sua página foi exaustivamente usada com postagens políticas, com pedidos de votos, nas últimas semanas, pelo menos. Assim, por “inatividade” na campanha, parece não ser uma acusação que a atinja. Também no DivulgaCand consta que ela recebeu R$ 250 e, inclusive, existe o lançamento de uma despesa de 50% desse valor. 

Verificando as contas das outras duas candidatas, Ana Paula Rodrigues (Mobiliza) e Erlaine Cristina (PSD), encontramos o seguinte. As páginas do Facebook de ambas são fechadas para o público externo, só podendo ser acessadas por quem as segue (é “amigo”, no linguajar popular). No Instagram, elas detêm páginas, mas não localizamos quaisquer postagens com pedidos de votos que caracterizem atos de campanha. Também no item de movimentação de financeira de campanha, no DivulgaCand, não há, ainda, quaisquer recebimentos e lançamento de despesas em relação às duas. 

No caso da candidata do Mobiliza, Ana Paula Rodrigues, o partido elegeu os vereadores Kaio Guimarães e Tidinho, e dois dos itens que já causaram cassação de mandatos, inclusive, em Belo Horizonte, apontam “inatividade de campanha”, o que poderia caracterizar o fator da “candidatura laranja”. No caso da candidata Erlaine Cristina, do PSD, não há movimentação financeira, o que ainda pode ocorrer, e ela obteve 9 votos, o que pode caracterizar atividade de campanha, apesar de não termos encontrado postagens nas redes sociais. Isso pode apenas indicar que ela optou pela campanha em outros segmentos. O partido elegeu apenas um vereador (Lacimar). 

Porém, para não restar dúvidas, como gostam de afi rmar os profissionais do Direito, seria de bom alvitre que se apurassem estas situações, pois a democracia se faz com transparência. Os eleitores merecem, pelo menos, explicações mais claras sobre estes casos.