Capital político não se faz ‘‘da noite para o dia’’

Capital político não se faz ‘‘da noite para o dia’’


“Eu achava que política era a segunda profissão mais antiga. Hoje, vejo que ela se parece muito com a primeira”. Frase de Ronald Reagan – ex-presidente dos EUA

Nas últimas semanas, tenho acompanhado as movimentações políticas em nosso município com a chegada das convenções partidárias, quando os partidos têm que apresentar seus candidatos, apesar do registro para a homologação ter prazo até o dia 15 de agosto. E os bastidores estão agitados, pois, se de um lado as coisas parecem resolvidas, do outro, aparentemente, não tem é nada resolvido definitivamente. Porém, ao observar as estratégias e as dificuldades, cheguei à conclusão, até hoje – porque amanhã a situação poderá estar diferente –, que em ambos os lados nada está resolvido, pelo menos em parte. 

Se, de um lado, o PSD do Senhor prefeito Neider Moreira, que tem como candidato o empresário Maurício Nazaré, tem dificuldades para a definição de um vice, pelo menos aparentemente, do outro lado, que tem o ex-deputado Gustavo Mitre como candidato a prefeito, as dificuldades para decidir sobre o vice ainda persistiam, até ontem à tarde, pois há nomes sobrando. São três nomes colocados para definição e, até onde fui informado, um está praticamente descartado por causa do desgaste dentro do grupo e o outro é afetado pelo desgaste do primeiro. 

Mas, independentemente de nomes e das escolhas que serão feitas até hoje à noite, quero colocar aqui minha opinião. E começo afirmando que, depois de tudo que já estudei, li, participei e acompanhei profissionalmente na política, entendo que o chamado “capital político” não se adquire ou se conquista de um dia para o outro. E, assim sendo, ainda não consegui entender a estruturação da eleição vindoura em nossa Itaúna Barranqueira, que começa a ter a campanha estruturada e prestes a ir para as ruas. Mesmo em tempos modernos, quando as denominadas redes sociais são consideradas “mecanismos” essenciais, ainda não consigo enxergar assim e acho que essa ilusão de que o “tapinha nas costas” e a conversa no “pé do ouvido” já não são necessários é um ledo engano e pode ser fatal, pois não se adquire capital político à distância via redes sociais. Tenho quase certeza.

Mas, independentemente de postura e mecanismos, o ser humano, o eleitor, seja ele jovem, mediano ou idoso, quer do homem público, do político, é trabalho, ou seja, é o cumprimento das promessas de campanha e a solução dos problemas, às vezes, crônicos dos municípios. Parece simples, mas não é bem assim. Além dessa postura de trabalho, o eleitor hoje quer também transparência administrativa e, mais que isso, honestidade, pois, nos últimos anos, o que mais se destaca nas administrações públicas dos municípios brasileiros são as acusações de corrupção de todos os tipos e em vários setores. É lastimável, mas é a realidade e, no meu entendimento, nossa Itaúna não está fora deste destaque, infelizmente. 

E é essa corrupção que pode acabar com qualquer “Capital Político” construído ao longo dos anos de trabalho na administração pública. Então não adianta apenas a dedicação e o trabalho se a postura não for de lisura e transparência, pois a sociedade num todo, hoje, está mais atenta e sabe o que ocorre entre as paredes das sedes municipais, as ditas prefeituras, secretarias de Estado, gabinetes de Ministérios, dentre outros órgãos públicos.

Então faço a colocação de que o “Capital Político” se constrói ao longo do tempo, com trabalho, honestidade, exposição pública do pensamento e, o mais importante, com vontade de trabalhar para o engrandecimento e melhoramento da sociedade num todo, incluindo aí infraestrutura urbana, meio ambiente, educação, saúde, ação social, saneamento básico, dentre outros. 

E o mais importante entre isso tudo é a atenção para com o todo, e esse todo, em meu entendimento, é o homem sendo visto como cidadão e sem distinção alguma, pois somos todos iguais, não só perante as leis, mas em tudo quando se trata de responsabilidade, usabilidade e acesso público. Se não o somos, é porque há algo errado que começa nas urnas. Então o “Capital Político” se constrói com ações voltadas para o todo, e isso leva tempo. Não é apenas resolver querer ser prefeito, deputado, vereador... Ou ter recursos para conquistar um desses cargos que vai dar certo. Esse é o meu entendimento.

Em resumo, entendo que nossos políticos, candidatos a cargos públicos de gerenciamento, devem, antes de tudo, aprimorar o olhar humano para começar a entender o que é o “ser humano” antes dele caminhar para uma cabine de votação por obrigação. Pois, antes, ele precisa entender o que é votar. E, mais que isso, nossos políticos de carteirinha e os que estão dispostos a fazer o “vestibular” para tal disputando sua primeira eleição devem, antes de tudo, aprender que, para se conquistar uma eleição, deve-se, antes de tudo, conquistar o “Capital Político”, e, o mais importante, com honestidade e trabalho, e não como muitos que se escondem por detrás de um semblante camuflado para angariar votos com promessas e pirotecnias ultrajantes. 

E como já ficou evidente na frase do ex-presidente dos Estado Unidos da América Ronald Reagan, a “putaria” é a mesma, nós, eleitores, antes de apertar o botão ao chegar frente à urna, devemos somente pensar: ele me representa e ou tem capacidade para o fazer? E o principal: ele tem caráter para ser o meu representante? Porque, senão, tudo continua como está, e pior, vai terminar como a frase do escritor e jornalista Nelson Rodrigues: “Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos”. Então está em nossas mãos.