Com diploma ou sem diploma? O que importa é o jornalismo bem-feito
Incrível como algumas pessoas perdem tempo se preocupando com a vida alheia. Primeiramente, mesmo sendo prático, mas com mais de 50 anos de trajetória, inclusive, com passagens por rádio e no então “Grande Jornal dos Mineiros”, e também como Assessor de Imprensa, entendo que o jornalismo se faz com informações, fatos e opiniões. Não com picuinhas pessoais. Somos práticos, aliás práticos até demais, deveríamos ser menos. Assim, poderíamos abaixar ao mesmo nível que muitos que exercem com amadorismo (demonstração de incompetência ou inabilidade em uma atividade qualquer) profissões que exigem mais que prática (capacidade advinda da experiência de fazer algo com perfeição; perícia, técnica, hábito, treinamento), exigem ética, perspicácia, conduta, cultura e principalmente dedicação, mas, acima de tudo, exigem dose exemplar de respeito. A política é uma delas. O que estes “profissionais catedráticos” precisam observar e entender é que não é apenas com palavras que se consegue respeito. Houve um tempo, quando não podíamos nos intitular jornalistas, em que eu frisava nestas malfadadas linhas que escrevinhávamos. Mas, mesmo aos “práticos”, o mundo oferece um lugar ao sol, o nosso, ainda não conquistamos, mas podemos garantir, de forma prática, que estamos trabalhando muito para isso, e é exatamente por trabalharmos muito e de forma profissional é que podemos falar em alto e bom tom que não pretendemos ter o melhor jornal da cidade, mas já não precisamos mais fazer um jornal para que todos leem, porque isso já acontece naturalmente. Não somos pretensiosos a ponto de querermos ser reconhecidos como isso ou aquilo, e nem precisamos, quando o assunto é publicidade, por exemplo. Não precisamos mostrar o bumbum, principalmente quando há concorrência, porque nosso produto, por si, faz a seleção natural. Quem vocês acham que tem o maior “bolo” da publicidade federal? O Globo e a Folha de São Paulo ou a Folha de Pernambuco e o Jornal de Garanhuns? Qualquer idiota sabe responder, mas como Itaúna é Itaúna, os muitos idiotas, amadores, não sabem nem a diferença entre jornal e aquele outro tipo de papel que se usa reservadamente em cômodos muito reservados de casas, apartamentos e repartições públicas. Aliás, um tipo de papel em desuso depois das famosas “duchinhas de água fria”.
E estamos repetindo esse texto introdutório, se é que isso é introdução, para entrar no assunto que causou muita controvérsia no decorrer das duas últimas semanas, depois que o presidente da Câmara apresentou projeto de resolução alterando a estrutura organizacional do Legislativo, mudando as exigências de alguns cargos, como a de Assessor de Comunicação, por exemplo, que é o que vem gerando maior polêmica, pois descarta a formação superior para o exercício do cargo. Já toquei nesse assunto na edição da semana passada, mas sem aprofundar, e, mais uma vez, vou colocar minha opinião, pois entendo que, primeiro como cidadão e depois como jornalista, tenho o direito de expor esta opinião. Pois o assunto é polêmico no meio jornalístico, e acho natural que seja, pois uma pessoa que ficou quatro anos fazendo uma faculdade de jornalismo não admite que outra pessoa que não pisou na mesma faculdade possa exercer o mesmo cargo que ela. Mas o jornalismo não é feito somente de técnicas que se aprendem sentado em uma cadeira de faculdade, o jornalismo exige muito mais que a formação e saber escrever, pois tem muito jornalista pós-graduado que sequer sabe escrever e, muitas das vezes, muitos deles, “para fazer o ‘O’ têm que é sentar na areia”. Então entendo que, antes da faculdade, o jornalista tem é que ter inteligência, intuição, competência para interpretar e, finalmente, saber o alfabeto, conhecer e compreender a língua portuguesa e mais alguma ou algumas. E, mais que isso, ter bom senso. Além disso e acima de tudo, ele tem que ter coragem para expor os fatos como eles são, coisa que a maioria não tem. E finalmente sou defensor que o jornalista tem que ter opinião. Esse é o slogan do jornal FOLHA do POVO, o jornal que dirijo e edito há 30 anos. No caso da Assessoria de Imprensa, entendo que também não há a necessidade do diploma de curso superior, mas é preciso ter as mesmas qualidades “técnicas” e práticas dos jornalistas profissionais. Ou seja, ter conhecimento da área! Saber o que está fazendo!
A polêmica que envolve a contratação de um jovem, que, ao que parece, não é itaunense, e que seria de Betim, para “comandar” a Assessoria de Imprensa da Câmara é, sim, no meu entendimento, um erro grasso, mas não porque ele não teria formação na área, se é que isso é verdade. Mas, sim, por outros motivos, que considero serem sérios: primeiro, ele não tem conhecimento sobre Itaúna e suas nuances; depois, não conhece a política itaunense, suas entranhas e seus bastidores, que têm movimentos próprios, como a política tem em todo o mundo. A questão diploma ou não é a menos importante no caso, mas a questão conhecimento da área e da política local é seríssima.
Será que a imprensa local vai conviver bem com o assessor que não vai conseguir fazer um release sobre os vereadores porque não os conhece? E pior, ele não conhece onde e como eles atuam, em qual bairro, se na saúde ou na educação, se defendem uma política canina e esquecem que têm pombos demais na praça da Matriz ou se tem vereador que fala “seu bairro é o meu bairro...”. Ou seja, como o moço vai trabalhar? Vão responder: ele aprende. Sim, mas isso leva tempo e o mandato do presidente é de 2 anos. Um tempo curto para ele saber sobre a Márcia da Saúde, do Jordane e do Israel da Igreja, do Da Lua das cirurgias de Catarata e que o Beto é do Bandinho e que o Gustavo Dornas é Mitre roxo. Que o Kaio é da Igreja e que é de Direita ele já sabe. Mas é pouco. O diploma, este é o de menos. Coisas de Itaúna... Mas que está começando tudo errado... Está.