Com jeitinho, vai...

Com jeitinho, vai...


E não é que o nosso prefeito, Dr. Neider Moreira de Faria, arrumou um jeitinho e vai acabar conseguindo “agradar” os proprietários da empresa concessionária do transporte público em Itaúna e, assim, as coisas vão ficar como estão e o próximo prefeito que se vire?! E, além de ficar como estão, a empresa concessionária vai acabar por “receber” a compensação pelos alegados recursos perdidos durante a pandemia da covid e que foram motivo de muita polêmica e discussões em todos os níveis entre vereadores, políticos sem mandatos, lideranças comunitárias, usuários e população em geral, que não concordavam com a destinação de 18 milhões de reais para a empresa. 

Mas, analisando o decreto publicado do JOM na última semana, que autoriza a extensão dos anos para a troca de veículos e a autorização para que se possa trocar somente a “carcaça” destes, dentro de um prazo especificado e dilatado, conclui-se que a economia da concessionária seja substancial; e, se analisado sob o aspecto dos recursos impossibilitados, essa economia acabar por chegar a mais de R$ 18 milhões em um espaço de tempo que se equipara ao tempo estendido pelo nosso alcaide. Ou seja, mexeram, mexeram e encontraram uma solução para que a empresa pudesse economizar e ficar livre de investimentos num período mais curto. É o velho “jeitinho brasileiro” de se manter as “parcerias” no serviço público. 

Mas fica a pergunta, que está sendo feita na reportagem da página 05 e que expõe o “jeitinho” encontrado pela assessoria do senhor Neider Moreira: e a segurança do usuário? Bom, essa, evidentemente foi relegada a segundo e/ou até terceiro plano, pois o que importa é manter as “parcerias” entre o ente público e empresa concessionária. É evitar mexer no que já está funcionando, mesmo que de forma precária e com problemas constantes ao usuário, que é quem deveria ser motivo de preocupação. Mas é como dizem nas ruas, nas esquinas e nas chamadas conversas de “pé de ouvido”: “não entra que aqui é mais embaixo...”. E o pior é que é mesmo mais embaixo, mas é para o povo que esse mais embaixo funciona, pois é o povo que vai continuar com os serviços de baixa qualidade, deficitários em vários aspectos. E, agora, com o prazo estendido para a troca dos veículos e a permissão de se trocar apenas as denominadas “carcaças” a longo prazo, esse povo ainda vai ter que conviver com o medo de que a qualquer momento o veículo pode estragar e lhe deixar no meio do percurso. E o pior, esse veículo, digamos, “enxertado” e com vários anos de uso pode perder o freio em uma descida, quebrar a caixa de marcha em uma subida e, pior que isso, pode não conseguir parar em uma esquina ou curva, causando uma tragédia. Mas isso, ao que parece, não é motivo de preocupação do nosso administrador e muito menos dos nossos vereadores, que deveriam estar fiscalizando, questionando e quase que “exigindo” que o Senhor Prefeito faça valer o que reza o contrato de concessão.

E, além de fiscalizar e exigir o cumprimento na íntegra do contrato de concessão, os nossos digníssimos vereadores e o alcaide deveriam é estar cobrando da empresa os investimentos necessários não somente na qualidade dos veículos, mas também no mínimo conforto dos passageiros, que continuam com horários defasados, esperando os ônibus no sol, no frio e já, já vão esperar é na chuva, como sempre... E o pior, onde estão os investimentos que já deveriam ter sido feitos em um terminal central na área urbana, com infraestrutura para abrigar todos os usuários? Em nossa opinião, isso já deveria ter sido feito e em parceria do Município com a empresa, já que esta só quer as benesses.

Passou da hora do Município resolver esta questão do terminal, e, se o nosso alcaide não está preocupado com isso, deveria pelo menos deixar um terreno ou local definido para tal, com um projeto pronto. Vai aí uma sugestão, quem sabe uma negociação com o Poder Judiciário e o Estado, para que o prédio do Fórum, que será desocupado em breve, possa ser adaptado em seu andar térreo para receber um terminal urbano? Acho que é uma possibilidade, não sei se viável, mas não deixa de ser uma possibilidade... E o segundo andar, quem sabe, poderia abrigar a biblioteca municipal, com outra destinação sendo dada à casa em reforma na Praça da Estação. Achamos que vale a pena estudar as possibilidades.

Mas, independente de possibilidades, as questões que envolvem o transporte coletivo urbano, principalmente no que tange aos veículos, não podem ser relegadas a segundo plano, pois envolvem a segurança da população usuária, que é a maioria, com certeza. Repetimos: é preciso que o Senhor Prefeito coloque as mãos na consciência, e mais que ele, os vereadores, principalmente, tenham determinação para exigir postura de cobrança do prefeito em relação à empresa concessionária, exigindo veículos novos, e não fazer o contrário, possibilitando a troca somente de “carcaças”, por exemplo, estendendo prazos e fechando os olhos a outros problemas constantes e que podem ser fatais em algum momento. E, para que fique bem colocada a nossa cobrança em nome dos usuários, pois somos alvos dessas cobranças praticamente todas as semanas, chamamos também a atenção dos representantes do Ministério Público para que acompanhem as questões que envolvem o transporte público urbano, pois isso envolve gente trabalhadora e que está exposta aos riscos de acidentes praticamente 24 horas dentro de ônibus velhos, quase que caindo aos pedaços. E, fora deles, essa mesma gente continua exposta aos riscos em pé nos passeios. Sem exagero algum, senhores representantes do MP, senhores vereadores e, com mais ênfase, Senhor Neider Moreira, dê um jeito nisso, o usuário já não aguenta mais e ameaça, inclusive, com retaliações. Estão chegando ao limite.