Dados da UFMG apontam crescimento de 2.650% em Itaúna

Dados da UFMG apontam  crescimento de 2.650% em Itaúna
Foto: Reprodução/https://obpoprua.direito.ufmg.br/moradia_pop_rua.html

A reportagem da FOLHA teve acesso a números apresentados pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, estudo mantido pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, por meio da sua Faculdade de Direito. Os números demonstram que em Itaúna aconteceu uma progressão de 2.650% entre os anos de 2017 até o de 2021. Segundo informações da Secretaria de Desenvolvimento Social da Prefeitura, em 18 de janeiro deste ano, existiam 58 pessoas em situação de rua em Itaúna. Naquela data, informou a Secretaria Municipal, que três pessoas já tinham sido encaminhadas e ficaram 55, ainda nas ruas da cidade. Portanto, de 2021 até 2025, estaria mantido o mesmo número.

O trabalho da UFMG é bastante específico e mostra quantas pessoas estavam nas ruas nos municípios brasileiros, separando-os por homens e mulheres e quantificando o total. Em Itaúna, por exemplo, só foi registrada a existência de mulheres em situação de rua nos últimos seis anos, a partir de 2019, quando foram registradas quatro pessoas do sexo feminino. Nesse ano já estavam nas ruas da cidade 17 pessoas, sendo 13 do sexo masculino. Em 2020, mais duas mulheres foram registradas, ampliando para seis o mesmo número registrado em 2021. Já os homens eram 34 em 2020, e 49 em 2021. Os dados referentes a 2023 e 2024 ainda não estão disponibilizados.

O estudo demonstra que os homens são maioria esmagadora das pessoas em situação de rua em Itaúna. Falta, porém, um estudo mais específico no município, que possa estratificar em idades, cor da pele, grau de instrução e outros indicativos, como motivos por estar nas ruas, que poderiam auxiliar na produção de políticas públicas capazes de apontar soluções para o problema.

Itaúna teve o maior crescimento percentual no período

A reportagem apurou, ainda, números de municípios da região, como Divinópolis, Pará de Minas, Nova Serrana, Formiga e Itatiaiuçu, para fazer um comparativo simples. Em Divinópolis, maior cidade do Centro-Oeste, em 2017, eram registradas 107 pessoas em situação de rua, sendo 18 mulheres e 89 homens. Em 2021, esse número teve acréscimo de 25, portanto, subindo 133,6%, o número de moradores de rua, sendo 30 mulheres e 220 homens.

Em Pará de Minas, em 2017, existiam 59 pessoas em situação de rua, com 8 mulheres e 51 homens. Em 2021, esse número passou para 87, com 10 mulheres e 77 homens, aumento de 47,4%. Nova Serrana tinha 16 pessoas em situação de rua em 2017 e aumentou apenas uma no cômputo geral: 17. Eram duas mulheres em 2017, e em 2021 são todos homens. Aumento de 6%.

Formiga, outra cidade da região, tinha 3 pessoas nas ruas em 2017, sendo uma mulher. Em 2021, passaram para 16, com duas mulheres e 14 homens. Aumento de 433,3%. E, por fim, pesquisamos os números de Itatiaiuçu, que em 2017 tinha 8 pessoas em situação de rua, e em 2021 registrou 11. Era uma mulher no primeiro ano e duas no último. Aumento de 37,5% no período.

Como se vê, Itaúna apresenta um índice percentual de crescimento de pessoas em situação de rua infinitamente maior que os municípios vizinhos. Se em números totais as diferenças não são grandes (precisam ser analisados em relação ao crescimento populacional total), em percentual a demonstração é de que a cidade precisa urgentemente de políticas públicas que busquem uma solução ao problema. Alguma coisa, em se tratando de política pública, esteve muito errada nessa área em Itaúna nesses anos, como apontam os números.