Desnecessário

Desnecessário


Concordo com a expressão do vereador Kaio Guimarães na reunião da Câmara desta semana, acontecida na terça-feira, dia 4, em seu comentário sobre a “polêmica” da semana, quando um performista fez uma apresentação na parada LGBTQIAPN+ acontecida no sábado, dia 1º de junho, na Avenida Jove Soares. O vereador, de forma simples, resumiu a performance e a escolha do tema por um dos participantes: DESNECESSÁRIO. 

Fico muito tranquilo em colocar minha opinião em relação aos fatos, pois não me considero um preconceituoso e acho que todos têm o direito de escolha, e, mais que isso, o direito de opinião e interpretação, em todos os sentidos. Não importa se o tema é religião, política, família ou visão humanística e ou filosófica, o que importa, em minha opinião, é se há respeito, e esse respeito tem que ser em todos os sentidos, pois entendo que se deve respeitar o universo e as opções, e, mais que isso, há que se ter o entendimento de que o direito de um termina onde começa o do outro, e essa minha opinião não tem nada com crença e/ou fé, mas, sim, apenas com respeito, que deve ser mútuo.

Nunca fui favorável ao extremismo nas passarelas de samba nos carnavais dos grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo, como também não sou favorável à performance levada em cena na parada LGBTQIAPN+ que usou a imagem de Nossa Senhora Aparecida com música ao fundo. Não estava na avenida, assisti a um vídeo e acho que o extremismo está presente, então, de fato, foi DESNECESSÁRIO. E não importa se foi com fé e/ou intenção de louvor... A questão é onde e como. E não discuto a questão preconceito, posicionamento e/ou liberdade. Apenas tenho o posicionamento de que foi DESNECESSÁRIO.

Entendo que somos iguais e que cada um tem a sua leitura de vida, sua leitura filosófica da existência humana e as suas escolhas e/ou opções. Repito, o que importa é que o direito de um começa onde termina o do outro. Não vou discutir aqui teologia e/ou filosofia, apenas acho que de fato nada precisa chegar aos extremos, pois somos todos iguais perante DEUS, as leis do Universo e as leis dos homens. Então, antes de tudo, há que se ter respeito. Podem dizer que não houve desrespeito algum na performance do artista/transformista, que muito provavelmente tem fé fervorosa em Nossa Senhora Aparecida e quis homenageá-la. Pode ser, acredito nisso. E entendo ser um direito seu, mas e o direito do outro em pensar diferente? Em achar que sua religião foi ofendida, que sua crença foi jogada em uma vala comum?

A questão, em minha opinião, não é religiosa ou se envolve uma parada LGBTQIAPN+, mas, sim, se envolve um desrespeito ao credo do outro. Se quer rezar, que entre na igreja, no templo, ajoelhe, olhe para o altar, ou para a imagem e peça, agradeça ou apenas ore, mas não tente transformar isso em show em avenidas, passarelas do samba, paradas e afins. Pois isso é e será sempre, no mínimo, DESNECESSÁRIO. 

Sinceramente, não vejo crime nenhum e muito menos tentativa de se desmoralizar políticos simpatizantes e/ou afins, e acho também um abuso o posicionamento de uns dois ou três, ou no máximo meia dúzia de políticos, tentarem tirar proveito político da questão, aproveitando para tentar desmoralizar políticos adversários, participantes da parada. Como também acho que a tentativa em transformar em crime a ação em tela um pouco descabida, e não sei se o embasamento de crime baseado no artigo 208 do Código Penal é cabível (escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa). Mas entendo que o ato foi desrespeitoso e até ofensivo, mesmo quando analisado teologicamente, e, mais que isso, analisado com fé. Pois com a fé não se brinca. É a minha opinião. Nada contra a comunidade LGBTQIAPN+ e muito menos contra o artista performático, que sequer conheço. Mas, se a intenção foi apenas artística, acho que escolheu o tema errado, para o local e o momento errado. Se a intenção foi mostrar fé, errou novamente, no local, e se foi para mostrar que Deus e todos os Santos estão com todos, foi de fato DESNECESSÁRIO mesmo, pois Nossa Senhora sempre esteve e está com todos nós. E ninguém é diferente de ninguém, existem opções diferentes, crenças diferentes e olhares filosóficos e humanistas diferentes, mas viemos do mesmo lugar e vamos todos, sem exceção, também para o mesmo lugar. Amém!

Portanto entendo que as tentativas de se politizar a questão são evasivas e oportunistas, mas também acho que se deve apurar se a escolha e decisão pela performance foi “trabalhada” com a intenção de polemizar e/ou ofender, ou se foi apenas uma questão exibicionista de fé, e/ou, ainda, se natural, como forma de mostrar que a religião é inclusiva e de todos. Se foi isso, mais uma vez, repito, DESNECESSÁRIO, pois, como já afirmado em parágrafos anteriores, somos todos iguais perante a DEUS e todos os santos e religiões. E tudo é uma questão de opção. Vivas à liberdade de expressão, às opções religiosas e de gênero e vivas e mais vivas à NOSSA SENHORA!!! Independente de qual for o altar. Amém!