Dr. Milton Penido: jovialidade política e empatia sublime
Com a mais profunda sinceridade, rendo homenagens ao jovem prefeito que, aos 32 anos, em 1955, conquistou o coração de Itaúna com sua graça e determinação. É tardio, mas necessário, o reconhecimento de sua coragem numa eleição tão dramática - vencida por meros onze votos, num ballet político de admirável delicadeza. Sua trajetória não foi apenas política, mas uma poética dança de renovação. Jovem, elegante, inteligente, a existência foi um sussurro de transformação. Amante da Educação, sua inspiração transcende fronteiras temporais. Milton Penido não foi apenas um político, mas um poeta da administração pública, um arquiteto de sonhos, um semeador de esperança. Que estas palavras sejam um tributo atrasado, mas sincero, a um homem que oxigenou a política com a delicadeza de um artista e a determinação de um verdadeiro líder.
Certa vez, sentado ao lado de meu avô Guaracy, numa mesa de conversa bem à beira da Barragem do Benfica, no sítio vizinho (do Dr. Miguel Augusto), escutava eu uma conversa de políticos da época. Eu, ainda criança. Alguém soltou uma máxima que me sedimentou a memória, pois muito vi meu avô a repetir algumas vezes ao se referir ao ex-prefeito Milton Penido. O homem ilustrava com perfeição o que escreveu Carlos Drummond de Andrade: “Mineiro não disputa eleição. Conversa baixinho”.
Doutor Milton de Oliveira Penido se elegeu prefeito de Itaúna, aos 32 anos, em 1955. Após o mandato do benemérito Victor Gonçalves de Souza Moreira. Meu saudoso Tio Dirceu Alves de Souza, que se casou com Tia Neda Machado, foi seu vice. Foi o prefeito eleito mais jovem da história de Itaúna. Dizem alguns, que após a eleição municipal mais aguerrida de todos os tempos: disputavam também José Francisco de Freitas, Antônio Augusto de Lima Coutinho e Cândido Perillo. A diferença entre o vencedor Milton Penido e José de Freitas, em segundo, foi de onze votos. E no terceiro lugar, Dr. Coutinho ficou apenas a 664 votos do primeiro colocado. Era um momento de oxigenação da classe política itaunense. Similar ao que vivemos neste atualíssimo ano de 2025. À época, líderes da estatura de José de Cerqueira Lima, Victor Gonçalves de Souza, Lincoln Nogueira Machado e Thales Santos estavam fora do grupo vencedor, liderado pelo jovem Milton Penido.
Na juventude, vale lembrar que Milton Penido estudou no grupo Dr. Augusto Gonçalves e se formou em Odontologia pela UFMG, em 1947. Foi empresário, com diversas anotações de sucesso na siderurgia e membro do Conselho de Administração da CEMIG. Foi um dos fundadores da Rádio Clube de Itaúna e seu segundo diretor-presidente. Sempre mencionado como um homem bonito, elegante, obstinado e pragmático. Ao longo de seus dois mandatos, plantou sementes na educação municipal, a exemplo da Escola Ana Cintra – onde eu estudei em tenra infância. Criou o curso científico anexo à Escola Normal, quando ela ainda era propriedade da Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira, junto com o Colégio Sant’Ana. Semeou escolas em toda zona rural de Itaúna. Resolveu o intermitente provimento de energia elétrica do município, por meio de atuação vigorosa junto à CEMIG. E, entre tantas outras coisas, revolucionou o saneamento básico da cidade, por meio da construção do sistema de abastecimento de água integrado com a estação de tratamento. Foi ainda ele que trouxe o Banco do Brasil e a Caixa Econômica para Itaúna.
Sua história honrada e inovadora rendeu-lhe a Insígnia da Inconfidência, agraciada diretamente pelo governador de Minas Gerais Francelino Pereira.
Casado em berço católico com sua amada esposa Dona Consuelo Maria Martins de Oliveira Penido, presenteou o município com sua estirpe por meio dos filhos: João Milton Martins de Oliveira Penido, Ângela Maria Martins Penido, Terezinha Penido Felipe, José Milton Martins Penido, Milton Martins Penido, Consuelo Maria Penido Ribeiro, Eduardo Milton Martins Penido e Sérgio Milton Martins de Oliveira Penido.
A história de Milton Penido remete a um jovem de garra, excelente jogador do tabuleiro político, que dignamente oxigenou a liderança itaunense, trouxe ideias novas e enfrentou elegantemente a resistência silenciosa dos opositores mais tradicionais. Exemplo de coragem, jovialidade, inteligência e inovação. Amante da Educação (talvez inspirado pelo sogro). Deixou um legado extremamente atual para os líderes políticos que iniciam sua caminhada na conjuntura atual de Itaúna.