E a celeuma continua...
A questão envolvendo o transporte público municipal teve mais um capítulo nesta semana com a atitude da nova administração em pedir à Justiça a anulação da possível homologação do acordo proposto pela administração Neider Moreira, que pediu o parcelamento em 10 vezes para serem pagos em precatórios a partir do próximo ano. A administração de Gustavo Mitre agiu rápido, na iminência de ver selado o acordo judicialmente, e quer que tudo comece da “estaca zero”, ou seja, quer que novos levantamentos e contas sejam feitos, para que se possa pagar a empresa o que ela alega ter tido de prejuízo no decorrer dos últimos anos, desde a pandemia da covid. O que, particularmente, acho exagerado, mas é preciso de fato rever os levantamentos dos supostos prejuízos e que isso seja feito de forma ampla e à luz de todos: autoridades, representantes políticos, sociedade civil e o povo, que é quem conhece de fato o transporte coletivo urbano e rural e sabe das suas qualidades, se é que as tem, e seus inúmeros defeitos.
Todos sabem quais são os problemas e seria perda de tempo e de espaço enumerá-los aqui novamente. E são muitos os problemas e as queixas dos usuários têm fundamento, são evidentes e não é preciso nenhuma fiscalização para tal. Basta um parecer técnico de um mecânico especializado em ônibus, pareceres de representantes das comunidades atendidas, ou seja, do líder comunitário, e a checagem do contrato, que tem clausulas que corre-se o risco, nunca tenham sido cumpridas. Arrisco afirmar... Então é preciso somente coragem para agir, mais nada. E essa ação tem que partir é do Poder Executivo. Este empurra-empurra, este jogo de interesses políticos de ambos os grupos – do que saiu e do que assumiu, em manter “bons relacionamentos” com a empresa e jogar com os interesses do povo, tem que ter fim. Quem tem que ser ouvido é o povo. E ter os seus interesses defendidos. E isso é o mais fácil, ouvir o cidadão, aquele para qual o transporte é essencial. Ele é que vai saber enumerar todos os problemas, seja os grandes ou os pequenos. Basta de nhem-nhem-nhem!!!
Se o prefeito Mitre quer mesmo governar para, e além disso, com o povo, por que não propõe logo de cara para os representantes desse povo, os vereadores, a discussão imediata da suspensão do contrato com a empresa, propondo inicialmente uma suspensão amigável, negociada e de forma eficaz, e não para “inglês ver?”. Mas, caso não se consiga isso, que seja, então, na canetada, e que depois a discussão vá para a Justiça, mas aí o problema é da empresa. Uma coisa é certa, do jeito que está não pode continuar. E pagar R$ 18 milhões sem que se tenha a garantia da melhoria dos serviços não acho correto, pois o dinheiro é de toda a população, inclusive, da parcela que não usufrui dos serviços do transporte, mas paga por ele.
A verdade é que o assunto já está é fedendo faz tempo e é hora de resolver de uma vez por todas, abrindo nova licitação, para que se tenha novos prestadores de serviços do transporte coletivo urbano e rural. Chega. E também é momento de a administração, já no início do governo, começar a pensar e decidir pela construção de um terminal urbano central para receber todos os veículos do início dos trabalhos até o fim. Se tem que ser na Praça, ou em área próxima, que se busque uma solução viável. Não é possível mais que o usuário fique em pé em passeio e debaixo de marquise esperando ônibus. Isso é absurdo, incompreensível e mais uma vez: já chega. Nos bairros e nos pontos de interligação bairro a bairro, já passou do momento de se ter guaritas de verdade, com proteção para o passageiro, e não as que estão aí. Um pedaço de chapa e que não cabe três, quatro, cinco pessoas. Mais uma vez: chega. É necessário que os horários sejam cumpridos com rigor, principalmente nos horários iniciais, pela manhã, e finais, começando à tardinha, início da noite, quando o trabalhador volta para casa. Mais uma vez, chega de sofrimento: é absurdo!
E é momento mesmo de se pensar em buscar novas empresas interessadas em prestar os serviços em Itaúna, pois na ViaSul não dá mais para acreditar, pois, se ela não cumpre o que está no contrato, não vai cumprir o apalavrado em aperto de mãos. Sou favorável que outros estudos também sejam efetuados, como para determinar a forma da prestação dos serviços do transporte coletivo.
Quem sabe um estudo bem-feito e de qualidade possa mostrar que o próprio município tem condições de executar os serviços com qualidade e presteza, adquirindo veículos novos e contratando motoristas. Oficinas e mecânicos ela já tem, locais para construir garagem não são problema. Então o que está faltando até aqui é a vontade de se resolver a questão, ou então é o sistema que envolve administradores e empresas que é mais interessante... Uma coisa é certa, o sistema atual não funciona e o usuário, que é a maioria da população, é o prejudicado. Não há por que postergar as mudanças, pois a tal ViaSul não vai melhorar os serviços efetivamente, vai fazer de conta, enrolar e, além disso, em minha opinião, tem os administradores nas mãos... E não me pergunte por quê. E, para finalizar, porque esse assunto já fede faz tempo, desde 1984 – quando o então prefeito, Francisco Ramalho, jogou os itaunenses João Ruela e o Melado para escanteio e trouxe a empresa Redentor para atuar na cidade –, que os “vícios” de bastidores são assunto nas esquinas, bares e no meio político. E, de lá pra cá, cerca de 40 anos, não há como negar, todos os prefeitos tiveram um relacionamento de “compadres” com os empresários. Nada contra, mas o cidadão usuário não tem nada com isso. Chega.