É melancólico

É melancólico

Ontem, ao me sentar na frente do computador para iniciar o último editorial do ano de 2024, pensei: além de ser o último do ano, será também o último das administrações do Senhor Prefeito Neider Moreira. Então chegam-se ao fim 8 anos de uma luta travada pelos dois lados, pois tanto o Senhor prefeito como o jornal FOLHA DO POVO lutam por uma coisa em comum: a cidade de Itaúna e, consecutivamente, seus habitantes. É verdade, que cada um ao seu estilo e com suas visões, mas, independentemente disso, com certeza lutam por Itaúna. 

E, ao refletir sobre essa batalha travada nesses 8 anos de mandato do Doutor – que é um político nato, reconheço, porém, em minha opinião, com uma visão turva das situações políticas, por ser vaidoso ao extremo e se achar o dono da verdade –, entendo que sua administração nos dois mandatos poderia ter sido muito melhor, pelo conhecimento que ele tem do meio político e administrativo. Reconheço também que sua administração não foi um desastre total, mas foi abaixo de mediana e manteve um excesso de denúncias que sinceramente me surpreenderam, pois achei que as “coisas” teriam desempenhos melhores pelo alcaide e pelos seus asseclas, partindo dos secretários, diretores e gerentes, dentre muitos outros que ocuparam cargos de confiança nas secretarias e suas divisões.

Mas o fato é que o mandato acaba no dia 31 de dezembro, e o Senhor Neider Moreira, se já não fez, está limpando as gavetas do gabinete no prédio do Boulevard Lago Sul, achando ou com a certeza de que fez tudo certo e que a sua administração é sucesso absoluto. Essas são as informações chegadas até aqui. A afirmativa de assessores é a de que a visão no “palácio” é mesmo a de que “mudamos a cidade. Itaúna é outra”. Essa é a afirmativa mais comum. Porém, ao andar pela cidade, nos bairros e na área central, não podemos dizer o mesmo. Ao perguntar para o cidadão comum, aquele que depende do transporte coletivo, que anda a pé até o seu bairro ou que reside na área central ou bairros próximos a ela, a resposta é a de que há problemas com os ônibus, há sujeira nas ruas e há moradores e pedintes por todo lado, há desrespeito com o meio ambiente e as praças estão com seus jardins malcuidados... E o trânsito, esse é o campeão de queixas, pois não incomoda e revolta somente os motoristas, que estão irritadíssimos com a questão das multas, mas os pedestres também se sentem incomodados com a situação, pois têm parentes que têm carro e estão sendo sacrificados. A falta de estacionamento também é outra queixa constante, principalmente dos comerciantes da área central. Resolveram transformar em corredor de trânsito ruas onde há lojas de muito movimento. Um problema que precisará ser resolvido. 

Uma das poucas coisas que as pessoas acham que a administração fez certo foi o asfaltamento das ruas da cidade, incluindo os bairros. Foram muitas ruas! A recuperação do asfalto dos corredores de trânsito foi importantíssima, mas a reportagem da FOLHA ouviu da maioria das pessoas, ao perguntar o que elas acharam das duas administrações do prefeito Neider e se o asfaltamento de ruas foi importante para elas, a resposta foi rápida e engraçada: “É, o asfalto das ruas estava muito ruim, precisava mesmo... Mas...”. E o complemento da resposta vinha sempre com um movimento das mãos. Um movimento típico de coisa errada, conhecido por todos. Deixa pra lá. E assim, contabilizado as pessoas ouvidas, e não foram poucas no decorrer das últimas semanas, e em vários níveis sociais, a conclusão que chegamos é a de que o Senhor Neider sai da prefeitura muito mal avaliado pelo cidadão itaunense, independentemente de classe social e ou modo de vida. Pelo que percebemos, não importa se o cidadão vive no Centro, no bairro próximo à área central ou está mais longe, e se o bairro é velho ou novo ou se reside na zona rural, a maioria reconhece que a administração fez alguma melhoria, mas sempre tem uma crítica. Ou não era aquilo a prioridade, ou não era do jeito que deveria ter sido feito, ou não foi feito quando precisava.

A nossa conclusão é a de que se fez, mas não se ouviu o cidadão. Não foram ao bairro dele, saber se a prioridade era aquela e se era daquele jeito mesmo que era para fazer. Não teve a participação do cidadão em praticamente nada, pelo que constatamos. Infelizmente, concluímos, em muitos casos, que até se jogou muito dinheiro público pelo ralo, pois determinadas pequenas obras de melhoria não duraram e não resolveram a situação dos moradores. Isso foi uma das queixas de um cidadão residente na zona rural. 

E, para fechar este último editorial, reafirmamos nosso compromisso com o cidadão itaunense de continuar a “vigilância”, observando, cobrando e denunciando nas nossas páginas, site e redes sociais os abusos cometidos, os transtornos criados e as circunstâncias em que obras e ou melhorias foram feitas, como a administração que sai fez, a maioria delas, por meio de recursos emprestados junto a bancos. E o pior, grande parte desses recursos foram para os próximos administradores pagarem. Ou melhor, empréstimos para nós cidadãos pagarmos, pois nós é que sustentamos o poder público, com os impostos e taxas que recolhemos aos cofres públicos. 

Mas, mesmo assim, não fecho este último editorial da administração do Senhor Neider feliz. Pois entendo que ele poderia ter sido redigido de forma diferente, se o então administrador público eleito em 2017 para cuidar da cidade em prol do cidadão tivesse feito uma administração compartilhada com o Legislativo e, principalmente, com o cidadão, por exemplo. Se tivesse administrado com os pés no chão e evitado o endividamento, outro exemplo. “Mas cada cabeça, uma sentença...” Fizemos nossa obrigação, a de fiscalizar e cobrar para o povo.