Está cada dia mais difícil escolher o destino para o voto!

Está cada dia mais  difícil escolher o  destino para o voto!


Mais uma ação dos deputados federais brasileiros que aumentam a descrença com a classe política nacional e dificulta a destinação do nosso voto. Nesta semana pudemos acompanhar pela mídia nacional aquele caso, escandaloso, cruel, inimaginável, de um pai que estuprou a filha, de 17 anos, enquanto ela estava internada em uma UTI – Unidade de Tratamento Intensivo. Isso mesmo, o monstro se aproveitou da filha enquanto ela estava internada e os profissionais do hospital, desconfiando das atitudes do safado, filmaram o ocorrido e ainda foi realizado um exame de corpo de delito, que constatou as agressões sexuais daquele cretino. Aí, imaginem esse fato: se a moça engravidar, segundo uma lei que está sendo aprovada na Câmara dos Deputados, sob a coordenação do “dono do Brasil”, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, ela não poderá solicitar o aborto. Caso “insista”, pode até ser presa e ficar mais tempo na cadeia do que o pai-tarado que, se muito, pode ser condenado a 15 anos de prisão. Isso mesmo que está aí acima. A moça, doente, indefesa, se por um azar imenso, engravidar, pode ser presa se tentar o aborto. O pai, se muito vai pegar 15 anos pela monstruosidade que cometeu.

E isso que acontece no Brasil, todos os dias. De cada 10 estupros cometidos no País, sete são contra crianças e/ou pessoas indefesas. E uma boa parte delas, engravida. Aí cabe perguntar: o que você faria, se uma irmã sua fosse engravidada desta forma? Ou uma filha? E, pela lei que os deputados federais estão prestes a aprovar, as crianças/vítimas serão obrigadas a gerar o ‘filho do estupro’, ou senão poderão ser condenadas com a mesma pena que é ministrada a um homicida, a um assassino. Mesmo sendo criança, sendo vítima de um monstro, tendo sido estuprada, na maioria das vezes pelo próprio pai, como no caso dessa moça que estava internada em uma UTI, pelo irmão, pelo tio, a vítima será mais uma vez violentada, pois será obrigada a ser mãe, ou senão condenada à prisão.

E, como se fosse pouco, um caso desses, nesta mesma semana – para comprovar que não são casos isolados, mas uma prática corriqueira – um filho, de 23 anos, estuprou a sua mãe, de 40 anos, enquanto ela estava desmaiada, em uma crise de epilepsia. O caso aconteceu em Franciso Sá, no Norte de Minas, e preso, o filho teria dito que “fiz, várias vezes, e faço de novo”. Conforme as apurações, ele já teria confessado que cometeu o mesmo tipo de crime contra a mãe, pelo menos quatro vezes. E se a mulher engravidar, terá que manter a gravidez deste absurdo, sob pena de ser presa se tentar o aborto e condenada a pena maior do que a que o filho poderá ser apenado, com a aprovação da proposta do deputado Sóstenes Cavalcante, do PL do Rio de Janeiro, que o Lira está empurrando goela abaixo dos brasileiros.

Isso porque, no Código Penal Brasileiro (CPB), o artigo 213, que trata de crimes de estupro, prevê pena mínima de seis anos e máxima de 10 anos para o condenado por estupro. Com agravantes, para casos de vítimas menores de 14 anos, por exemplo os prazos sobem para 8 anos de mínima e 12 de máxima. Aí, se for muito grave o caso, como o é este, do pai estuprando a filha internada em uma UTI, pode chegar a 15 anos de pena, máxima. Já para o caso da proposta que está para ser aprovada na Câmara dos Deputados, o aborto será igualado ao crime de homicídio que, no artigo 121 do mesmo CPB, prevê pena mínima de seis anos e máxima de 20 anos. Com agravantes pode chegar a até 30 anos de pena máxima.

E o mais absurdo da questão é que essa proposta é defendida pela bancada dita “cristã”. É uma pauta dos grupos autodenominados “de direita”, mas que tem defensores também dentre alguns “de esquerda”, pois a previsão é de que receba mais de 300 votos pela aprovação. Enquanto isso, a eleição municipal se aproxima e aumenta o número de “defensores da família”, mesmo que tenham várias amantes, que traiam os maridos, que sejam “enrustidos” em suas práticas sexuais entre quatro paredes... Está mesmo muito difícil definir em quem votar.

* Jornalista profissional, especialista em comunicação pública e membro da Academia Itaunense de Letras – AILE, titular da cadeira 26.