Eu continuo apenas sendo um “malabarista”

Eu continuo  apenas  sendo um  “malabarista”

E foi sempre sob muita pressão. E nos últimos anos foram ainda mais, pois, além dos entreveros pertinentes ao jornalismo, tivemos que conviver com a pressão diária do dinheiro, escasso por causa dos nossos posicionamentos jornalísticos e políticos, que não abrimos mão. E, aproveitando disso, o governo municipal, no ex-prefeito, excluiu a FOLHA de qualquer programa de publicidade. Tinha que ser do jeito dele, então não obteve sucesso. Pois é, e nós? Sobrevivemos. Mas, no momento em que estamos escrevendo este editorial, sexta-feira, dia 21 de março, por volta de 17 horas, estamos no fechamento das edições de Itaúna e de Itatiaiuçu, e, acreditem, já passamos pela pressão do gerente do banco, que esta semana ficou na nossa “cola”, exigindo a cobertura do saldo devedor da conta do jornal, uma constante nos últimos meses. Sinceramente, não sei se escrevo, se faço a edição dos textos vindos da redação ou se me preocupo em “levantar” dinheiro para cobrir a conta, um compromisso que não vou conseguir cumprir hoje na totalidade. E lá vai pressão. Mas pelo menos há um consolo, estamos trabalhando na edição de número 1.627, ou seja, ainda faltam muitos anos para chegarmos à edição número 2.000 em Itaúna, cerca de 8 anos. Mas, se isso nos leva a refletir sobre fazer jornalismo no interior, “uma cachaça”, um vício, do qual não conseguimos desvencilhar, pelo menos nos leva a ter mais força para chegar lá... Independentemente de qualquer coisa, já são anos a fio observando, interpretando e opinando sobre tudo o que diz respeito aos munícipes e seus interesses coletivos. É isso que importa.

Em nossa opinião, jornal tem compromisso com a notícia e com o leitor, e com mais ninguém, e é assim que deve ser. Por isso, ao ser perguntado sobre a independência da imprensa, sempre respondo que isso é balela, coisa inventada, porque não há como existir independência se o fato tem mais de uma versão, de uma interpretação e as opiniões são plurais. Por isso escolhi como slogan da FOLHA a frase “Jornal tem que ter opinião”. É simples, não há como ficar em cima do muro, pois nossa obrigação como jornalistas é a de levar a notícia e opinar sobre ela, assim, derrubamos a tal independência hipócrita propalada aos quatro ventos. Uma bobagem. O bom jornalismo é feito com opinião, com responsabilidade e com independência, sim, mas não essa tão defendida, mas a que propicia ao jornalista opinar e se posicionar, deixando para o leitor a liberdade de interpretação. Fazemos jornalismo com o direito de ter opinião. A nossa FOLHA é editada assim.

Estamos quase chegando à edição número 1.000 em Itatiaiuçu, será daqui a duas semanas, e, em Itaúna, a meta é a edição número 2.000, daqui 8 anos. Nas duas cidades, sempre trabalhamos defendendo o que acreditamos estar correto e o que é melhor para os munícipes. Nos 2 anos de FOLHA DO OESTE e 29 anos de FOLHA DO POVO, já fomos taxados de pertencermos a este ou a aquele político ou grupo, mas podemos afirmar que a maioria citada já passou e o jornal aí está em seu devido lugar. Eu, fundador e editor desta FOLHA, garanto, somos o mais independente dos jornais itaunenses. Isto porque não ficamos escondidos, colocamos a cara, ou seja, nosso posicionamento é aquele que entendemos ser melhor para o povo. E muito mais importante que ser independente é poder afirmar que nossa liberdade está baseada na verdade, e não na interpretação daqueles que mal conseguem dar um passo sem a sombra de alguém. Sob pressão, sem dinheiro, mas com muita garra, nos orgulhamos de poder falar e escrever o que acreditamos ser a verdade. Mas mesmo ela tem interpretações diversas, tanto tem, que dizem que uma mentira repetida diversas vezes acaba virando verdade. Não acredito, mas é a crença que mais vemos na imprensa que aí está. E pior, nas redes sociais, que têm de tudo, e que não trabalham a notícia, apenas a jogam na “rede”, com fofocas e “fatos” que podem os não serem transcritos de forma séria ou se transformarem em uma rede dúbia de inverdades. Ainda acredito no jornalismo sério, e acho que ele vai prevalecer, mesmo com a tecnologia cada vez mais avançada e a chamada IA sendo usada naturalmente, até mesmo nas salas de aula, no auxílio ao ensino das crianças.

Acho que o momento é de continuar exercitando o jornalismo de forma regular, usando a observação e o “garimpo” dos fatos como matéria prima da notícia e dos editoriais, que podem servir de âncora para que possamos formar cidadãos melhores, enquanto alguns poucos estão estudando e investindo para desbravar novos territórios, como a Lua, o planeta Marte e por aí vai... Esta semana escutei, inclusive, que já estamos sendo visitados por alienígenas, e o posicionamento não foi em tom de brincadeira e nem feito por quem “vive no mundo da Lua”... Estão mesmo acreditando que não estamos sozinhos, e que, além das “bruxas”, somos vigiados por alienígenas, que, além de virarem notícia, também podem, amanhã, se tornarem companheiros ou ainda entrarem nas nossas mentes e mudarem o mundo. Isso é notícia? Acredito que sim. É passível a discordância? No nosso entendimento, sim. É motivo de desconfiança e riso. Entendemos que sim. Mas é democrático acreditar ou não? Temos a certeza que sim. Então vivas e vivas à liberdade de expressão! E, enquanto isso, a nossa, a minha FOLHA, caminha para a edição número duas mil em Itaúna e em Itatiaiuçu ela já é 1.000. Eu? Continuo sendo apenas um “malabarista”.