FOLHA Entrevista - Maurício Nazaré, candidato a prefeito

A FOLHA conversou com Maurício Nazaré, que é candidato a prefeito de Itaúna. Nascido e criado em Itaúna, Maurício é fundador e diretor de empresas nos setores de comércio, serviços, indústria e agronegócios. É formado em Administração de Empresas e Gestão Comercial pela Universidade de Itaúna, com pós-graduações em Gestão Financeira e Gestão de Projetos pela FGV. Foi presidente da CDL Itaúna e do CDE Itaúna, vice presidente da ACE Itaúna e da regional Centro-Oeste da FCDL-MG e Conselheiro do SPC Brasil, além de Provedor do Hospital Manoel Gonçalves de Itaúna.

FOLHA Entrevista - Maurício Nazaré, candidato a prefeito




FOLHA - Como empresário, você concorda que Itaúna precisa buscar um caminho para expandir o setor industrial, já que, nas últimas décadas, perdeu grandes empresas que faziam da cidade uma referência? Quais são os planos?

MAURÍCIO - Itaúna precisa de um prefeito empreendedor, administrador e gestor profissional por formação, para que seja realizado um estudo vocacional da cidade. Ao longo dos 123 anos de sua história, por falta de prefeitos que saibam fazer gestão, sua vocação se perdeu. Precisamos elaborar um diagnóstico dos elos faltantes da economia local, regional, estadual, federal e mundial, identificando como Itaúna pode estrategicamente se posicionar para fomentar as empresas locais prioritariamente e atrair novas empresas para suprir as oportunidades de mercado. Para que isso seja possível, implantaremos um departamento de pesquisa, desenvolvimento e gestão de projetos na Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Também formaremos uma equipe comercial para apresentar Itaúna à classe empresarial e a investidores do Brasil e do mundo, destacando nossas qualidades, localização geográfica privilegiada e o ambiente favorável que criaremos para tornar a cidade menos burocrática. Trabalharemos incansavelmente para facilitar a vida de quem deseja empreender, gerar empregos e renda no município, aprovando a Lei de Liberdade Econômica e adotando todas as medidas de desburocratização de forma pragmática. Dessa maneira, seremos mais atraentes aos grandes grupos econômicos, capazes de trazer empresas para Itaúna. Em breve, teremos boas notícias sobre um grande grupo mundial que investirá mais de dois bilhões e meio de reais na cidade, dando o pontapé inicial a esse trabalho. Com a duplicação da MG-050, a chegada do gasoduto e a implementação do novo distrito industrial, com uma área de um milhão e quinhentos mil metros quadrados, Itaúna poderá viver o melhor momento de sua história, assim como ocorreu no ABC Paulista. Mas, para isso, precisa de um prefeito verdadeiro, um administrador e gestor profissional, e não de um político que fez alianças com 12 partidos e, se eleito, dividirá a prefeitura em 12 partes. Teremos 12 prefeitos, um cabide de empregos, e a gestão será como um barco à deriva, pois se “cachorro com dois donos morre de fome”, com 12, vai morrer à míngua. A cidade não terá quem a governe, pois todos vão mandar e ninguém vai obedecer, e a gestão será igual a um cachorro correndo atrás do próprio rabo.

FOLHA - Você ocupou a provedoria do Hospital Manoel Gonçalves por um período curto. Declarou que havia quitado as dívidas da instituição. Porém, esta semana, a direção da Casa afirmou que a dívida era de R$ 14 milhões, dos quais R$ 4,5 milhões foram pagos, mas ainda restam R$ 9 milhões. Como você explica isso?

MAURÍCIO - Assumi o hospital após a renúncia da provedoria e da diretoria anterior, que entregaram uma carta ao Ministério Público anunciando que a instituição estava falida e em insolvência total, sem condições de continuar administrando a crise. Como nenhum membro do conselho comunitário quis assumir o problema e o Ministério Público já havia ingressado com ação civil pública que poderia levar ao fechamento do hospital, tomei a decisão valente de lutar para que isso não acontecesse. Pagamos todas as dívidas do hospital com fornecedores, tiramos todos os títulos de protesto, regularizamos os pagamentos atrasados aos médicos desde agosto de 2022 e mantivemos os pagamentos em dia. Reduzimos a dívida bancária de R$ 13.900.000,00 para R$ 6.200.000,00 e, além disso, fizemos inúmeros investimentos importantes, como a reforma do bloco cirúrgico, a compra de dois arcos cirúrgicos, carrinhos de anestesia, monitores e outros equipamentos, incluindo um tomógrafo novo, que custou quase R$ 3 milhões. Tudo isso em apenas 10 meses de gestão, tempo em que estive à frente do hospital e o salvei do fechamento. Além disso, aprovamos um projeto para a expansão do pronto-socorro, a construção de uma usina de energia fotovoltaica, que economizará mais de R$ 25.000.000,00 ao longo de sua vida útil, e a revitalização das ruínas do hospital antigo, obra pela qual os itaunenses lutam há mais de 50 anos. Deixamos boa parte dos recursos empenhados para essas obras. Quanto à dívida atual, não posso responder, pois estou afastado do hospital desde 27/03/2024 devido à minha participação no pleito eleitoral.

FOLHA - Tenho observado que você está fazendo uma campanha muito agressiva. Sinceramente, até de “baixo nível”, o que não combina com você, devido à sua educação, religiosidade e postura social. Por quê?

MAURÍCIO - Desculpe, mas, para lutar com quem atua de baixo nível, precisamos ser sinceros, e a sinceridade nas falas incomoda quem assiste. Mas o que disse e continuarei a dizer é exatamente o que toda a nossa população gostaria de falar e, por medo, suas vozes são caladas. Estou indignado com os grupos políticos que alternaram o poder à frente de nosso município em seus 123 anos de Itaúna e 108 anos de nosso hospital. Estando à frente do hospital e com a morte de meu irmão, percebi claramente o motivo de o hospital nunca ter saído do buraco financeiro constante: os políticos de Itaúna não quiseram resolver seu problema, pois é quando o hospital não funciona que eles garantem o voto de cabresto, ajudando a arrumar uma cirurgia, uma vaga no CTI, uma transferência, um tratamento oncológico etc. Isto é ruindade! Itaúna é uma cidade rica e extremamente bem localizada, portanto tem vocação para termos um hospital de referência em alta complexidade e tratar todas as enfermidades, para que nossa população não precise sair de Itaúna para tratar suas famílias no momento de maior dificuldade, que é na doença, na urgência e emergência. Nenhum prefeito até hoje bateu no peito e falou: “Eu vou resolver isto em parceria com nosso único hospital e iremos planejar e executar o projeto para que tenhamos um hospital completo e que trate com maestria e excelência nossa população e a da região sempre que precisarem”. Não houve nenhum prefeito que bateu no peito e falou que vai fazer uma UPA para atender a população com dignidade, acolhimento e agilidade. CHEGA!!! Itaúna acordou, e Deus me confiou esta missão para quebrar este paradigma e maldição de sermos governados por este GRUPÃO que passa de pai para filho e para neto e ainda traz forasteiros que não conhecem a realidade de nossa população, não conhecem cada canto desta cidade, pois, como bem disse um senhor no Morada Nova, em determinado momento da eleição: “Quem sabe as goteiras que tem no telhado é quem mora na casa na época de chuva”. Itaúna não quer prefeito e vice que vêm a Itaúna somente aos finais de semana. Agora, campanha de baixo nível é contratar uma equipe para trabalhar de madrugada retirando todas as placas de minha campanha e roubando inúmeros windbanners, que são as placas com base que vemos nas ruas. Baixo nível é visitar a minha candidata a vice-prefeita com propostas indecorosas para que ela desista da candidatura. Baixo nível é publicar uma pesquisa falsa, falando que quem realizou foi o jornal O Tempo, e será processado pelo referido jornal. Baixo nível e crime é a nobre deputada anunciar uma emenda de R$ 6.000.000,00 e afirmar que já foi recebida pelo hospital em ano eleitoral, com o intuito de favorecimento e desequilíbrio do pleito eleitoral em favorecimento de seu filho, candidato a vice-prefeito, e do candidato a prefeito, que só coligou com o partido da deputada temporária devido ao valor do fundão de mais de R$ 700.000,00 que conseguiu para ele fazer campanha. Falar da deputada, não fui eu quem disse: “Esta é a maior emenda já recebida em Itaúna pelo Hospital Manoel Gonçalves de todos os tempos”.

FOLHA – O senhor tem afirmado que não faz parte de grupos políticos, que não é político e que, se eleito, vai implantar uma maneira diferente de administrar, tendo como foco o empreendedorismo. Porém, sabemos que o orçamento municipal não é suficiente para atender às demandas da cidade, seja em que área for, e que a próxima administração terá uma dívida muito alta a ser administrada, com pouco dinheiro em caixa. Como será a sua administração “sem a política”? O senhor, não sendo político e não fazendo parte de grupos políticos, como vai conseguir conviver com os políticos para atrair investimentos para a cidade?

MAURÍCIO - Meu caro, meu partido é Itaúna, saberemos administrar com muito respeito a todos os vereadores, secretários, servidores e, principalmente, ao povo. O poder soberano está na vontade popular, e assim trabalharei. Quanto ao orçamento, somente quem é empreendedor sabe fazer muito com pouco e tomar medidas para alavancar as receitas próprias do Município, através do que já citei nas respostas anteriores.

FOLHA – Implantar uma UPA em Itaúna ocupou o debate nos últimos dias, inclusive, o senhor já anunciou que não receberá o salário de prefeito, caso seja eleito, até que a UPA seja uma realidade. Porém a UPA pode também ficar sobrecarregada, como é hoje o Plantão 24 Horas, buscado pela população para todo tipo de atendimento médico, seja ele de urgência e emergência ou não. Para que esse problema não ocorra, qual é a sua proposta para a gestão da saúde em Itaúna?

MAURÍCIO - A UPA precisa ser do tamanho físico que atenda os próximos 10 anos, e quanto à equipe, deve ser proporcional à demanda. Os estudos estão prontos, a viabilidade é real, e vou torná-la uma realidade.

FOLHA – A gestão pública tem diferenças marcantes da gestão privada. O senhor é um empresário de sucesso, reconhecido por todos. Em uma possível administração de Itaúna, como o senhor pretende adequar essa situação, visto que na iniciativa privada é permitido tudo o que não está restringido pela legislação, enquanto na gestão pública só se pode fazer o que a lei permite?

MAURÍCIO - Não, meu caro! No setor privado, também temos que seguir à risca a legislação, pois empreendedor não é bandido. Nossa administração no setor público será baseada nos mais rígidos princípios de governança pública, compliance, atenção e cumprimento à Lei Anticorrupção, Lei Geral de Proteção de Dados e princípios de ESG. Para tanto, traremos a Fundação Dom Cabral para nos ajudar a implantar os processos e elaborar o planejamento estratégico, implantação do plano de ações, monitoramento sistemático dos indicadores e completa auditoria e controladoria. Existem grandes diferenças entre a gestão pública e a privada, mas, como administrador profissional por formação, com mais de 35 anos de experiência, afirmo que consigo administrar qualquer desafio, problema, negócio ou município. Não basta querer fazer gestão profissional, é preciso saber utilizar as ferramentas adequadas para alcançar resultados acima da média, como sempre alcancei. Agora, se Itaúna cair nas mãos deste GRUPÃO, presenciaremos a maior quebradeira de todos os tempos, pois não adiantaria eles contratarem a Dom Cabral, por exemplo, já que não saberiam aplicar a metodologia.

FOLHA – Uma das suas propostas para a educação é a implantação no município do “Programa de Escolas Cívico-Militares”, que, em tese, mantém um núcleo militar para o desenvolvimento de atividades de natureza cívico-militar nas escolas. Pensando em todos os problemas atuais do setor da Educação, como a desvalorização dos professores, atraso no pagamento dos profissionais, queda dos índices de ensino e aumento do abandono escolar, além de questões de infraestrutura, por que a instalação desse tipo de ensino? Em julho, a Advocacia-Geral da União (AGU) concluiu que um programa semelhante, instituído pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é inconstitucional, por ir contra a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que orienta o ensino nos âmbitos municipal, estadual e federal, ou seja, competência privativa da União para legislar sobre educação. Como explica?

MAURÍCIO - Sou filho de professor; meu saudoso pai, Aurélio Nazaré, foi professor durante 35 anos, e fui criado em um regime praticamente militar de disciplina e austeridade, compromisso, dedicação, moral e cívica, patriotismo. Isso foi determinante para meu sucesso como filho, irmão, pai, esposo, amigo e profissional, e sonho em oferecer essa oportunidade a todas as famílias de Itaúna, para vermos nossas crianças mais prósperas no futuro. Em minha gestão, caso eleito, darei especial atenção e prioridade à educação e a todos os professores. No primeiro mês de gestão, reunirei com todos para construirmos um novo plano de cargos, salários e benefícios que vise à motivação dos profissionais e melhores resultados para professores, alunos e pais.

FOLHA - Em relação ao planejamento urbano, a cidade registrou diversos problemas com as fortes chuvas em 2023, com alagamentos em vários pontos da cidade, principalmente na Avenida Jove Soares, causando transtorno e revolta dos moradores e comerciantes locais. Qual é a solução para o problema, e como o seu governo irá viabilizar isso?

MAURÍCIO - O maior problema é olhar para o problema e fazer de conta que ele não existe. Minha vida me ensinou que posso até dormir com o problema, mas tenho que acordar com a solução. O que fizeram nos 123 anos de nossa cidade foi fazer de conta que as partes baixas da cidade não alagam, e nenhum prefeito bateu no peito e falou: “Vou resolver o problema da melhor forma que a situação financeira do município permite e vou lutar com bravura para levantar recursos estaduais, federais e em parcerias público-privadas para resolver a situação”.  Vou resolver o problema. Faremos um estudo minucioso que nos dê mais de uma alternativa, e optaremos pela opção mais inteligente e econômica que resolva definitivamente o problema.