Geração de empregos continua em alta em Itaúna

Construção civil é o setor que mais emprega na cidade, mesmo com problemas de relacionamento com a Prefeitura. Indústria gera pouco mais de 10% do total e comércio demitiu 112 trabalhadores nos 5 primeiros meses do ano

Geração de empregos continua em alta em Itaúna
Foto: Reprodução/CAGED




Itaúna tem mais um mês com resultados positivos no setor de geração de novos empregos com carteira assinada. Os números do CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Governo Federal, divulgados no dia 28 de junho, relativos ao mês de maio, mostram que o município ficou na primeira posição na região Centro-Oeste, com 332 novas vagas criadas. Esses números levam Itaúna à décima sexta posição no estado, que, no total, criou 19.430 novos empregos, somados os resultados dos 853 municípios. O país também apresentou números positivos, com 131.811 novos empregos com carteira assinada gerados. Em Itaúna, o setor da construção civil gerou 320 novas vagas; a indústria, 18; o de serviços 6. Já o setor de comércio apresentou 10 demissões; o agro, duas. 

Este é o quarto mês consecutivo com números positivos para o município. Exceto o mês de janeiro, que apresentou saldo negativo, com 13 demissões. Os resultados apresentados mês a mês foram os seguintes: janeiro, 13 demissões; fevereiro, 98 admissões; março, 592 admissões, sendo o mês com o melhor resultado neste ano; abril, com 387 admissões; e, agora, o mês de maio, que apresentou 332 admissões. No total, neste ano, Itaúna já conta com 1.396 admissões, elevando para 32.129 pessoas trabalhando com carteira assinada no município. 

Números mostram incoerências na execução de políticas públicas 

Se a economia de Itaúna vai bem no geral, análises mostram, por outro lado, falta de planejamento do setor público municipal, visto que o setor que mais gera empregos na cidade é justamente o que mais reclama de falta de apoio da Prefeitura: a área da construção civil. Como a FOLHA tem divulgado nos últimos meses, a reclamação de empresários e de trabalhadores no setor da construção civil de Itaúna é geral. Atualmente, para se ter noção dos problemas gerados pela Secretaria Municipal de Regulação Urbana, várias construções estão embargadas por determinação daquele setor, conforme apurou a reportagem. Mesmo assim, em maio, mais uma vez, o setor da construção civil é o que mais emprega, com 320 novos empregos criados, ou seja, 17,7 vezes mais que o setor colocado na segunda posição no ranking de geração de empregos. 

Caso não fossem enfrentados esses problemas com a Secretaria de Regulação Urbana, apontam analistas, empresários do setor e até mesmo empregados ouvidos pela reportagem, a geração de empregos seria bem maior nesse mesmo setor. Se enfrentando embargos, demora na aprovação de projetos e tantos outros problemas, como vêm sendo apontados os questionamentos, o setor da construção que já gerou 1,121 novas vagas de emprego em Itaúna em 2024, sem eles, este número seria com certeza muito maior, alegam os reclamantes. Outro problema enfrentado pela cidade está na pequena geração de empregos para o sexo feminino, mesmo Itaúna tendo as mulheres como maior fatia da população.

Outros fatores também apontam a necessidade de planejamento do setor público 

Os dois setores que mais geram empregos em Itaúna são o da construção civil, com 1.121 vagas criadas neste ano, e o de serviços, com 304 novas vagas. Na terceira colocação está o setor da indústria, com 151, ou seja, menos de 50% do que o setor de serviços gerou e apenas 13,47% do que o setor da construção civil gerou. Isso aponta que a geração de empregos no setor da indústria representa a falta de novos investimentos no setor. 

O pequeno índice de geração de empregos no setor da indústria em relação aos de serviços e da construção civil também representa queda na renda média do trabalhador, apontam analistas. Isso porque os trabalhadores dos dois primeiros setores estão dentre aqueles de menor grau de estudo, o que acaba por representar salários menores. Com isso, a renda média do trabalhador itaunense acompanha essa correlação. 

Se a economia itaunense como um todo vai bem atualmente, análises apontam que a renda média dos trabalhadores locais não, já que é menor do que a do estado, que, por sua vez, é menor do que a média nacional. Conforme matéria publicada pelo jornal “O Tempo”, no dia 20 de junho, a situação em relação à renda média dos trabalhadores é a seguinte: “a renda média mensal dos assalariados de Minas Gerais é de 2,5 salários mínimos, ou R$ 3.530, revelou o levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir de Estatísticas do Cadastro Central de Empresas (Cempre). O valor é menor do que a média salarial do Brasil, que é 3 salários mínimos (R$ 4.236)”. 

Os números não são exatos para Itaúna, porém a média salarial dos trabalhadores da cidade gira em torno de R$ 3,1 mil, já que representa pouco mais do que dois salários mínimos, na média: 2,2 salários mínimos (R$ 3.106,4). Como se vê, o trabalhador itaunense ganha, na média, menos do que o trabalhador mineiro, que já tem a média salarial menor do que o trabalhador brasileiro. 

Mais empregos para o público feminino e mais qualificação profissional 

Ainda conforme as análises, a maneira de melhorar esta relação emprego X renda é investir na qualificação profissional. E também reforçando a oportunidade de emprego em setores onde o salário é maior, como na área da indústria. E, para aumentar o número de empregos nesta área, é preciso atrair novas indústrias. 

Também é preciso que seja criado um programa de incentivo para a geração de empregos para o público feminino. “Não basta divulgar os bons números, se não se faz um trabalho para melhorar a qualidade destes empregos ofertados. Itaúna está, sim, demonstrando crescimento na geração de empregos, mas, ao mesmo tempo, demonstra retração no crescimento da renda, o que é uma demonstração de que de não se está trabalhando com políticas públicas capazes de melhorar esta relação”, afirmou técnico em gestão profissional à reportagem.