Itaúna tem queda no ranking “Smart Cities”

Se em 2017 o município conquistou o 1º lugar em Urbanismo, em 2024 não aparece dentre os 100 classificados

Itaúna tem queda no ranking “Smart Cities”
Foto: Reprodução/Urban Systems


Anualmente a consultoria Urban Systems publica um ranking das cidades inteligentes (smart cities). São analisados vários eixos temáticos e feito o cômputo que aponta quais são as 100 cidades mais bem colocadas no país, em vários indicadores, e no geral. São apresentadas as situações destas cidades em relação à segurança, mobilidade, urbanismo, meio ambiente, economia, saúde, educação segurança e outros indicadores. Ao final, é apresentado um relatório com os índices analisados e a colocação de cada município. Com este levantamento, é apresentado o ranking das 100 cidades “mais inteligentes e conectadas”, sendo a 10ª edição a de 2024, que acaba de ser divulgada pela Urban Systems.

E Itaúna já se destacava na terceira edição do ranking, em 2017, quando conquistou a primeira colocação dentre as cidades com população entre 50 e 100 mil, no quesito Urbanismo, além de uma boa colocação no ranking geral. Depois, em 2019, mais uma vez Itaúna foi destaque, com a 15ª posição geral. E a assessoria da Prefeitura de Itaúna deu destaque especial a essas conquistas. Porém, depois de um tempo, não se falou mais no citado ranking. Isso porque Itaúna passou a não mais figurar no ranking e, como ironizou um observador consultado pela reportagem, “Itaúna não é mais inteligente e conectada”.

Itaúna está fora, tanto da classificação das 100 gerais quanto das 100 mais bem colocadas em quaisquer um dos 11 indicadores avaliados. São 3.685 pontos que a separam da 100ª colocada, que alcançou uma nota geral de 29.153 pontos. Itaúna obteve nota geral de 25.468. E a análise em cada um dos indicadores mostra que o município está perdendo em avaliação, pelo menos nos índices que mais interessam à população, como saúde, educação e segurança. 

Queda nos indicadores aponta renda baixa para os trabalhadores

Se no primeiro ano de administração da atual equipe fazia-se festa com a colocação do município em primeiro lugar dentre as cidades com população entre 50 e 100 mil, agora, não se fala mais no decantado índice. Conforme críticos, o resultado de 2017 seria retrato de como o atual prefeito assumiu a cidade e, agora, os dados atuais são a demonstração de como deverá entregar Itaúna a seu sucessor.

Veja a queda de alguns indicadores entre os anos de 2023 e 2024. A nota no indicador de Urbanismo, por exemplo, caiu de 4.649, em 2023, para 4.450, em 2024. Isso mesmo com o investimento per capita de R$ 614,61. No indicador de economia, a nota caiu ainda mais: de 5.643, em 2023, para 3.603, em 2024, o que pode ser explicado, por exemplo, com a renda média mensal dos trabalhadores itaunenses, de R$ 2.688,65, que é menor do que a de Minas (R$ 2.885,00), que, por sua vez, é menor do que a média nacional (R$ 3.118,00).

No indicador de educação, Itaúna teve nota caindo de 4.215, em 2023, para 3.659, em 2024, o que reforça a queda da nota também do Ideb, pela primeira vez abaixo da meta proposta. O investimento per capita foi de R$ 877,22. Na área da saúde - observado que Itaúna tem um prefeito médico -, a cidade também demonstra queda sensível no indicador: de 4.030, em 2023, para 3.801, em 2024. E no indicador da segurança caiu de 1.616, em 2023, parra 1.452, em 2024.

Prioriza investimento em asfalto?

Se o investimento em urbanismo foi de R$ 614,61 por habitante itaunense, em educação esse valor alcançou R$ 877,22. Assim, em uma conta simples, cada itaunense teve custo de mais de R$ 50 em obras de urbanismo (asfaltamento?) e de pouco mais de R$ 70 para a educação da família.   

Já na saúde, o investimento é maior em números, mas, se estratificado, demonstra que não foi o suficiente: R$ 1.325,92 por habitante e, mesmo assim, teve queda sensível na nota. “Por esses dados, enquanto se investiu R$ 129.5 milhões na saúde em todos os setores, para atender à população no geral, gastou-se R$ 85.6 milhões com asfaltamento, principalmente”, criticou um político itaunense consultado pela reportagem, apontando o que chama de “descompasso de prioridades”.

Um outro fator que chama a atenção foi o investimento destinado à área de segurança, de R$ 2,77 por pessoa em um ano. “Não dá 25 centavos por pessoa ao mês”, faz as contas outro cidadão itaunense que atua na área de segurança coletiva, analisando os números.