Números de vacinação em Itaúna são decepcionantes

Estado monta estrutura para aumentar alcance da imunização, que está muito abaixo do índice proposto

Números de vacinação em Itaúna são decepcionantes
Foto: Reprodução/LocalizaSUS


Desde 2015, segundo divulgação do Governo de Minas, os índices de cobertura vacinal no estado vêm caindo significativamente. Os técnicos apontam “a desinformação, a divulgação de notícias falsas e a dificuldade de conciliar o horário de trabalho com o de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS)” como prováveis causas desta queda. O Governo do Estado anunciou uma série de medidas para tentar aumentar o índice de cobertura vacinal depois de verificar que não está conseguindo cumprir com o mínimo proposto no combate em diversas doenças. 

Na questão da gripe, por exemplo, a proposta é alcançar o mínimo de 90% e o estado não chegou ainda à metade deste percentual, faltando pouco menos de um mês para cumprir o prazo final, que vai até 9 de julho. Assim, a expectativa é de que, até lá, não seja alcançado o mínimo de 90% de imunização, já que a campanha vem sendo realizada desde o início de maio. Foram anunciados valores investidos e ações já realizadas, além do chamamento à população para que busque a imunização, sob pena de que algumas doenças, como a poliomielite volte a assombrar os mineiros.

Em Itaúna, índice é menor que o do estado na imunização contra a gripe 

Se no estado o índice é de 44,06%, para a influenza (gripe), em Itaúna este percentual é ainda mais baixo: 40,15%. E a explicação não deve ser resumida aos fatores apontados na divulgação da Secretaria de Saúde de Minas Gerais. Além da desinformação, das notícias falsas e dos horários que não alcançam toda a população, existe também o que pode ser apontado como “ausência de esforço localizado dos setores responsáveis”, como apontam técnicos da área. Em rápida pesquisa feita pela reportagem no site “LocalizaSUS” em relação aos dados de Itaúna para a vacinação contra a influenza (gripe), algumas informações podem apontar motivos do baixo índice. 

Além da ausência de públicos que anteriormente compareciam em maior número nas ações de vacinação, como os idosos e as crianças, com percentuais registrados no município, de 41,9% e 36,8% respectivamente, a falta de outros públicos chama a atenção. Os trabalhadores da saúde de Itaúna, por exemplo, seriam 5.573 pessoas, mas apenas 464 foram imunizados até então. Isto mesmo: apenas 8,33% dos profissionais da área da saúde em Itaúna já tinham sido vacinados, conforme o LocalizaSUS, em 10 de junho. 

No quadro, atualizado com dados até o dia 10 de junho, mostra ainda que das pessoas com deficiência permanente, num total de 3.298, só duas tinham recebido a vacina. E que, dos 324 em privação de liberdade (presos), 120 tinham recebido a sua dose. Estes são públicos que a Secretaria de Saúde de Itaúna já deveria ter procurado e vacinado, ou não? É o que questionam críticos ligados à área da saúde, que afirmam que nesses casos não basta divulgar que existe a vacina e aguardar que as pessoas se dirijam aos postos de vacinação. 

O quadro do LocalizaSUS mostra o seguinte panorama, com dados inseridos até o dia 10 de junho e atualizados em 12 de junho, quarta-feira: idosos, com população alvo de 17.252, foram vacinados 7.240, alcançando o percentual de 41,97%, o mais alto até então, por sinal; trabalhadores da saúde, 5.573, com 464 vacinados, 8,33%; 5.573 crianças que devem ser vacinadas, mas apenas 1.932 vacinadas (36,84%); 3.645 pessoas com comorbidades, 741 vacinadas (20,33%); 3.298 pessoas com deficiência permanente, sendo duas que já foram vacinadas (1,8%); pessoas com privação de liberdade, 324 e 120 já vacinadas (37,%); 723 gestantes, sendo que 175 já se vacinaram (24,20%); 119 puérperas, sendo que 22 já se vacinaram (18,51%). São números muito baixos em todas as categorias. 

Além das críticas às pessoas que por motivos ideológicos não estão se vacinando, além do convite para as pessoas se vacinarem, além de disponibilizar as doses nos postos de saúde, como anunciado, está faltando alguma coisa. “Quando as pessoas não vão ao posto de saúde, por algum motivo, em busca da vacinação, o Município não pode ‘lavar as mãos’. É necessário ir atrás dessas pessoas. Essa é uma ação necessária, sim”, afirmou um especialista em saúde que atua em Belo Horizonte e conhece a realidade itaunense, ao analisar os números apresentados pelo jornal e que foram acessados no LocalizaSUS e estão reproduzidos junto a esta reportagem.