O Bordel II

O Bordel II




Tenho revisto os arquivos dos nossos editoriais e alguns temas levados em tela por mim nas décadas de 90 e 2000, em minha opinião, são interessantes para a população, principalmente as críticas às administrações municipais da época, assim como aos órgãos fiscalizadores, como a Câmara Municipal, dentre outros, como o MP. Os editoriais, que vão para um livro que será lançado em momento oportuno, acabam por tentar mostrar os problemas de ordem pública, aqueles que mexem com o dia a dia de toda a população e nunca terminam, pois, ano após ano, eles apenas mudam de local, pois a cidade não para de crescer, e, mesmo com a evolução das leis, que impõem novas exigências nas questões ambientais e de infraestrutura, elas não são suficientes para nortear um crescimento estruturado em uma legislação que busca fazer uma cidade com qualidade de vida para todos os seus habitantes, independente de classe social, uma vez que todos precisam usufruir de uma infraestrutura de boa qualidade, moderna e que preserve o meio em prol do homem.

Mas infelizmente esse mesmo homem que escolhe outro para lhe representar e para administrar a cidade para ele só olha o presente e apenas fica pensando e somatizando o futuro, e na maioria das vezes não leva a sério a sua quase missão de escolher, e relega a responsabilidade a plano menos importante, e aí as consequências são as que vivenciamos e que são o motivo para as reclamações e insatisfações com praticamente tudo. Mas a maioria esquece que a negligência foi dele e que a sua escolha acaba por transformar a sua cidade num verdadeiro “bordel”, ou seja, em uma bagunça generalizada, apesar das controversas. 

E, assim sendo, a palavra bordel, que é referência a práticas antigas, mas que ainda hoje existem na modernidade, permite ainda dizer forçosamente, e já faz muito tempo, que um “bordel bem administrado é melhor que uma mina de ouro”. E a situação da nossa Itaúna não se encaixa nos dois conceitos da frase, porque a mina de ouro perdemos faz tempo, mas nossos administradores, incluindo o que aí está, já no caminho da saída, conseguiram transformar nossa cidade, em algumas décadas, num verdadeiro bordel que, porém, em nossa opinião, não está, no momento, sendo bem administrado. E que me desculpem os conterrâneos, mas nossa cidade se transformou mesmo num verdadeiro bordel mal administrado. Não conseguimos, no momento, encontrar outra definição para o estado de coisas que vêm acontecendo em nossa Itaúna, sob os olhares passivos dos vereadores, que estão “comprados” ou, no mínimo, comprometidos; da sociedade civil organizada, que anda recebendo verbas públicas; da população, que somente encontra fôlego para reclamar, mas não tem capacidade de agir; e também das autoridades constituídas, que, diante da morosidade da máquina judiciária, não conseguem agir com a presteza necessária. As ações, então, se resumem à indignação de alguns e às denúncias do Ministério Público, que felizmente começam a encontrar eco fora da cidade, o que mostra a gravidade da situação.

O incômodo provocado pelas ações desastradas, irresponsáveis e sem transparência não só causa vergonha, mas prejudica o município de forma circunstancial, porque provoca a desconfiança no âmbito do governo estadual, que pode impor bloqueio na liberação de recursos para a cidade, com receio do mau uso. O mesmo pode ocorrer na esfera federal, mesmo que o atual gestor do município seja bem-intencionado, mas, em alguns casos, insiste em persistir nos erros. Como observadores, e até fiscais da coisa pública, achamos que algumas decisões e ações do nosso governante mor não fazem sentido e prejudicam o crescimento da cidade em se tratando de fomento comercial, emprego e renda (esta semana ocorreu uma na área da construção civil que não tem explicação lógica). Finalmente, não achamos que seria exagerar muito afirmar que, se persistir a incompetência, a falta de transparência em alguns casos e o total obscurantismo de alguns atos que deveriam ser de fato públicos, mas públicos mesmo, o bordel ainda é de segunda classe. E aí vem aquele gosto amargo por ver que o eleitorado, na maioria, não quis se preocupar em estudar os candidatos, para os dois poderes, o Legislativo e o Executivo. Então, mais uma vez, em nossa opinião, somente uma expressão é cabível: “Itaúna não merece isso”, o povo itaunense, trabalhador, culto e que sempre andou com a cabeça erguida, alardeando que a cidade sempre teve qualidade de vida, com 100% de casas e ruas iluminadas, 100% de água e esgoto tratados, que ostenta índices altíssimos na educação, que é Educativa, declarada pela Unesco, que tem uma universidade, hoje capengando, mas ainda tem, e criada graças aos ideais de itaunenses ilustres e que ostenta IDH invejável, e que sempre teve administradores honestos, inclusive o atual, e que pensaram primeiro com o coração e depois raciocinaram, visando o bem comum, pode ver seus ideais de uma cidade modelo suprimidos por um prefeito culto, mas que não aceitou a participação do povo que o elegeu, transformando a prefeitura num bunker onde somente seus aliados “extraterrestres” conseguem transitar. Hoje, afirmamos sem pestanejar que, diante de tudo o que estamos assistindo e das reclamações e denúncias que se amiudaram, o nosso alcaide conseguiu transformar, em quase oito anos, a nossa Itaúna em um verdadeiro Bordel. Infelizmente, com toda sinceridade, um bordel mal administrado. Nunca pensei, pela capacidade do prefeito, que diria isso. Mas...

Por: Renilton Gonçalves Pacheco