O inimigo

Este é mais um livro da série JACK REACHER. Tenho muita dificuldade com livros seriados, mas não é o caso deste. Tenho certeza de que o motivo é que ele não se trata de uma sequência em que para se saber o fim, tem que fazer a leitura na ordem até o último volume.
Esta série permite que o leitor leia, o livro que quiser, seja na ordem de lançamento ou não, como estou fazendo: Aleatoriamente.
O personagem principal ora está andando pelo país afora, na estrada, de motel em motel, ou atendendo um chamado específico de um amigo, o fato é que muitas vezes ele está à paisana, ou no exército, num tempo em que estava na corporação, portanto, antes da vida de nômade e no anonimato.
O autor é especialista em deixar você à vontade, porque ambienta o espaço de ação do protagonista como se fosse a primeira vez que você tivesse contato com ele. E esta habilidade, certamente dá fluidez ao personagem e nos permite conhecer sua capacidade para lidar com assuntos delicados de forma diferente.
Na obra em questão, Reacher está ainda no exército e é transferido para a base militar no Fort BIRD, porém estava ainda encafifado com a transferência repentina e justo na véspera de ano novo. E pior, porque estava chegando ao final de um caso na base militar do Panamá.
Tudo isto no seu subconsciente não cheirava bem. É que depois de anos, no exercício de policial na PE (Polícia do Exército), a transferência carecia de motivação, mas enfim o exército é assim mesmo.
Na noite de véspera do Ano Novo ele estava de plantão. Olhava insistentemente os ponteiros do relógio à sua frente... E começou a paranoia, contava minuto a minuto.
O telefone tocou. Quem sabe alguém ligando para desejar um feliz ano novo. “Mas não era”. Era um policial ligando para informar que fora encontrado um soldado morto em um motel a cinquenta quilômetros da base.
“- Preciso do oficial encarregado da polícia do exército - disse ele.”.
A única coisa que sobrou foi assumir o caso, “você está falando com ele – respondi”.
Após perguntar “onde?” teve como resposta, “no motel”. Para a pergunta “como”, foi dito: provavelmente ataque cardíaco. Restava então saber se o policial que ligara tinha algum conhecimento sobre ataque cardíaco. E ele respondeu que vira muitos. Neste caso passou-lhe o telefone do escritório central da base. Insatisfeito o PM perguntou se o oficial de plantão não teria que ir até lá? Ele desejou feliz ano novo e respondeu que não.
O exército é uma instituição grande, talvez maior que Detroit e um pouco menor que Dallas e sem sentimentalismo é fria em casos assim, pois não há necessidade de deslocar um PE para atender um caso de morte por ataque cardíaco de um soldado.
Deu outra olhada para o relógio, andou mais um pouco e como as coisas para ele são sempre do mesmo jeito, aquilo era bom de mais para ser verdade, foi quando o telefone tocou outra vez e era mesmo, pois sua sargento ligara para desejar Feliz ano novo, respondeu da mesma forma e a madrugada continuou. A sua sargento, no entanto, não deixou passar em branco e perguntou se ele não queria um café ao que ele respondeu claro!
Como a noite era lenta e a solidão era também para dois, o melhor é servir-se da caneca de café acompanhado. Felicitou novamente e ela experiente: será?
“- Não vejo porque não seria – respondi”. Ela então enumerou, a queda parcial do muro de Berlim, com multidões na rua em festa, empunhando marretas, metade deles de uma cidade livre, mantidos por nós assim. É muito pessimismo “nós vencemos”, mas ela não desistiu”, não quando você depende do contracheque do Tio Sam.”
O telefone tocou mais uma vez, a sargento fora mais rápida do que ele, atendeu e ficou ouvindo por cerca de onze segundos e passou-o para Jack, dizendo é para você, é o Coronel Garber de Washington D.C.
Garber era praticamente seu chefe e certamente não estaria ligando para dar felicitações pela passagem de ano.
“- Reacher aqui.”
Houve uma longa pausa e:
“- Achei que estivesse no Panamá.
Comunicou que fora transferido para o Fort BIRD.
Mencionou que aquilo não era justo e Reacher, apenas concordou.
Perguntou porque já estava de plantão e se o haviam designado logo na chegada, Jack respondeu que se oferecera, pois quem sabe assim faria alguns amigos.
A sargento entrou trazendo outro café. O Coronel perguntou se ele recebera um telefonema sobre um soldado morto num motel. Disse que recebera o telefonema e passara para o escritório central, foi quando ele disse se tratar de um general de duas estrelas e com isto foi-se a tranquilidade.
Para quem está acostumado com o andarilho sem rumo Jack Reacher, aqui vai se deparar com o compenetrado policial do exército, cumpridor do seu dever, diligente e desobediente quando se trata de descobrir as causas que levaram um oficial graduado de alta patente ser encontrado morto num motel.
Divirta-se com mais esta inusitada e escandalosa aventura do personagem icônico de Lee Child. Bem vindo ao mundo militar de Jack Reacher.