O público, mas quase privado

O público, mas quase privado


O brasileiro, é sabido, não é afeito a respeitar as leis. Sempre acha aquele “jeitinho” para ludibriá-las e assim vai levando a vida em todos os sentidos. E o cidadão itaunense, nesse contexto, não está cumprindo é lei alguma, muito menos as municipais. Já faz muitos anos que o Código de Postura Municipal, por exemplo, não é respeitado, causando transtornos e trazendo consequências diversas a todos os cidadãos. E a utilização dos espaços públicos indevidamente, em alguns casos, até com a permissão precária do Município, é fator que precisa ser discutido com urgência pelos vereadores e as entidades de cunho civil atuantes, para que a desobediência civil não se generalize a ponto das situações de agressão ao meio se consolidarem de tal forma a não ter retorno.

Nos últimos três anos, os atos de se desobedecer às leis estabelecidas pelo Código de Postura tornaram-se tão banais que o cidadão desobedece, ri, faz chacota e ainda “bate no peito”, afirmando: estou fazendo errado e ninguém vai me proibir. E, assim, temos observado, por exemplo, nas avenidas de interligação e nas vias públicas mais movimentadas na área central e nas principais de bairro, que virou foi bagunça. Ou seja, é a cidade sem lei. Cada um faz o que quer. Os comerciantes, além de não obedecerem o código de posturas, agora também se apoderaram dos passeios de forma tão escancarada que não dão nenhuma bola para o pedestre e não querem nem saber se estão colocando o transeunte em risco. E, ainda por cima, transformaram as calçadas em depósito de sacos de lixo e caixetas, todos os dias. Esses atos, já considerados absurdos de ocupação de logradouros públicos, vêm causando imensa indignação em toda a sociedade itaunense, que ainda não entendeu o porquê de a prefeitura ainda não ter tomado providências, fazendo uma fiscalização efetiva, com a consequente aplicação de multas.

Muitas pessoas me procuraram e, com indignação, já falam: “Nos ajude, apesar de sabermos que não vai adiantar, mas é melhor registrar. Publica pra gente, que não estamos conseguindo andar nos passeios, porque os sacos de lixo, as mesas e as placas contendo anúncios são as prioridades e nós passamos a ser os importunadores”. Em todas as reclamações surgem a ocupação dos passeios pelos bares, lanchonetes, casa de açaí, dentre outros comércios avenida afora...  As exclamações dos reclamantes são sempre de indignação e contêm o tom de interrogação: “Como eles conseguiram se apossar dos passeios e ninguém fez ou faz nada?”. E nós, observando, apenas respondemos: Pois é! Não há outra expressão cabível, até porque também não entendemos. E não entendemos, até porque o Senhor Neider Moreira sempre foi um crítico da situação. Sentou-se na cadeira e esqueceu da sua postura e das providências cabíveis. 

A verdade é que os comerciantes conseguiram literalmente se apossar dos passeios, das fachadas, sem nenhuma postura e transformaram a cidade em uma bagunça generalizada. Em alguns casos, até as pistas de rolamento já estão sendo “privatizadas”, sendo usadas para a colocação de churrasqueiras e trailers. Tem bares que estão utilizando até cones para delimitar sua área nas pistas. Virou bagunça e não há mais respeito. Cada um faz o que quer. A questão do trânsito, principalmente na área central, é bagunça mesmo. Ninguém respeita nada, absolutamente nada.  

A verdade é que o Senhor Prefeito já não está mais preocupado em organizar a cidade, ou acha que isso é irrelevante, coisa pequena... Ele deve estar ocupado e preocupado é em não deixar os construtores itaunenses trabalharem na construção de novos empreendimentos, gerando emprego e renda... 

O fato é que, além dos problemas já citados acima, outros muitos problemas estão sendo vivenciados pelo cidadão itaunense, que, além de não poder utilizar as calçadas, porque elas foram tomadas pelos comerciantes, seja na Praça Dr. Augusto Gonçalves ou na Av. Jove Soares, ou ainda nas avenidas de interligação aos bairros, outras situações são alarmantes, pois, além das varandas que foram construídas nos passeios em outros tempos e que também são ocupadas por mesas e cadeiras, o cidadão tem que aturar pedinte por todo lado, principalmente próximo dos sinais luminosos, moradores de rua nas portas de lotéricas e bancos e, além de tudo, dormindo nas entradas dos prédios residenciais e fazendo suas necessidades fisiológicas em lugares públicos. Uma vergonha. O pior é que não há nenhuma fiscalização e o poder público não tem mais poder moral para agir, e, quando o tem, faz vista grossa.

Estamos próximos do início de uma campanha eleitoral, e o candidato que prometer organizar a cidade num todo, prometendo resgatar a credibilidade administrativa do município com a melhoria do funcionamento dos serviços públicos, e que tenha a coragem de tomar providências em relação a esta bagunça que virou a ocupação dos espaços e vias públicas, vai sair na frente. Mas é prometer e cumprir. Que ele comece por acabar com aquela passarela para pedestre em frente ao Supermercado Rena, um privilégio, ou é para todos ou para ninguém, que ordene a remoção de todas as varandas construídas nas calçadas da Av. Jove Soares, que proíba a colocação de placas nos passeios da Praça Dr. Augusto Gonçalves, que proíba a colocação de cones para reservar vagas em frente às lojas, como faz a Eletrozema, dentre outras, na Rua Silva Jardim, que ele defina um horário para os carros-fortes recolherem os malotes nos bancos e que principalmente defina quem pode ocupar espaços públicos, como ambulantes para vender churrasquinho, pipocas, revistas, churros, espaguetes, sanduíches e afins. Que ele tenha pulso para acabar de vez com o desrespeito ao itaunense patrocinado por comerciantes espertos que fazem das vias públicas propriedades privadas. Mas pago para ver o atual prefeito e o próximo agirem. É mesmo a terrinha de Borba Gato! Eita!