“O Teatro Vânia Campos está morrendo”

Show de Zélia Fonseca no Teatro Vânia Campos revela situação preocupante em relação à vida cultural de Itaúna

“O Teatro Vânia Campos está morrendo”
Foto: Reprodução Redes Sociais


O itaunense, artista e realizador cultural Marco Antônio Lara enviou texto à FOLHA em que aponta a situação do Teatro “Vânia Campos”. Conforme o articulista, o teatro “está morrendo”. Confira a íntegra do texto: 

“Lá se vão mais 10 anos que o Teatro Vânia Campos iniciou seu processo de sair de cena e com isto a vida cultural de Itaúna ficou mais pobre. Desde 2013 a parceria da Associação Cultural Vania Campos com o SESI foi cancelada e a partir de então, o próprio SESI se encarregou administrar o Teatro, mas o que se assistiu foi o desligamento de suas luzes, o que se ouve é o silêncio, o que existe é o nada: uma perda irreparável para Itaúna.

Após ser provocado inúmeras vezes, o SESI finalmente se manifestou através da imprensa em um artigo publicado no jornal ‘Spasso’, em 14 de outubro de 2023, em cujo texto a “Fiemg afirma que (o) SESI preza por uma política cultural inclusiva, diversa e acessível e promete ampliar programação em 2024”. Conversa pra boi dormir. Está claro que o Sesi não tem interesse em manter o Teatro Vânia Campos em atividade.

O uso do Teatro Vânia Campos pelos artistas itaunenses está longe de ser acessível e inclusivo. A começar pelo preço exorbitante cobrado como aluguel pelo uso do teatro. A programação diversa que foi “prometida” inexiste e se resume a pouquíssimos eventos de artistas que conseguem pagar os altos valores cobrados.  A apresentação do show de Zélia Fonseca, no Teatro Vânia Campos, no dia 16 de agosto passado nos revela bem a situação.

Eis o depoimento de Zélia Fonseca, após o show:

“Restou em mim a frustração e o desânimo em querer produzir mais uma vez nesse teatro, por ele não estar adequado a shows e eventos que exijam engajamentos e equipamentos básicos de nível profissional. E isso não condiz com o valor de aluguel/uso requerido pelo teatro, de 1.200,00 reais, nem com a burocracia extremamente detalhista (aparentemente profissional e aparentemente correta) no processo de assinatura do contrato.

A aparelhagem estava com defeito, o técnico (apesar da simpatia e pontualidade) não foi capaz de resolver os problemas surgidos nem foi capaz de operar a mesa com sucesso: os efeitos (hall, reverb) não funcionaram.

As caixas de som viradas para o público faziam ruídos que também não foram resolvidos e foi necessário desconectar duas delas. As caixas de monitoramento estavam também com problemas; o técnico tentou buscar outras, as quais não permitiam equalização em separado, fazendo com que o volume de som que vinha do palco era mais alto que o som que deveria sair das caixas, na frente, para o público. O que o público recebeu foi um som seco e deselegante, vindo de cabos velhos e inadequados.

Isso sem falar no problema de comunicação com relação à operação da luz no palco. Pelo contrato, teríamos técnico de som e de luz. Na verdade, não tivemos nenhum, nem mesmo de som. O operador de som mesmo (quase humildemente) nos revelou que ele não é técnico e sim, simplesmente operador de som e que só trabalhava com eventos pequenos, festas de crianças ou stand-up-comedy, onde só era necessário um microfone e mais nada.

Não quero reclamar diretamente dele, nem da menina que me respondia os e-mails (Ana Carolina). Eles foram simpáticos e corretos. Mas me pareceram completamente desinformados quanto à realidade da situação do teatro. Há alguns equipamentos e mesa digital, mas não há informações precisas sobre como usá-los nem com as condições técnicas deles. Uma pena’.

O teatro deveria estar nas mãos de gente que realmente se preocupa com ele.

Itaúna merece mais. Muito mais”.

Marco Antônio Lara - 

Diretor de Teatro