Os dois lados da moeda

Os dois lados da moeda

Nesta semana, pelo menos dois episódios já me fizeram observar com outro olhar a administração que está no poder há 32 dias. Na verdade, venho observando, o que é minha função profissional, a postura, principalmente dos nomeados, diante dos seus cargos, e, como sempre, alguns, parece-me, ainda nem sabem da responsabilidade e muito menos das dificuldades, outros já mostram que querem acertar e que farão tudo para tal, e muitos, a maioria, já mostra o deslumbre e o despreparo para exercer o poder. Então não me resta repetir: com mais de 40 anos de “janela”, o que menos importa pra mim são as vaidades, mas, sim, os resultados, principalmente para a população, pois os que acabam de assumir o Poder no Município foram eleitos e empossados para tal, então ter a população como principal foco é o fundamental. E ponto.

Mas, como em política se “vê até elefante voando”, algumas peripécias já começaram a acontecer em ambos os poderes. Tanto no Legislativo quanto no Executivo, as vaidades e os interesses políticos pessoais já fazem com que a maioria mostre “os dentes”. No Legislativo as mudanças de postura são tantas, que até assustam, mas o importante é ver até quando isso vai durar, pois já, já, tenho a certeza, vem um “racha” por aí. E vai ser um racha sem solução, pois não há como negociar, os “becos são sem saída”. Alguém que atua no meio político ou é um observador, tem alguma dúvida do que estou afirmando?

E o primeiro fator que vai começar no Legislativo esse racha, ou, se quiserem, podem chamar de pensamento político, ou visão política, ou ainda de consciência social, vai ser o assunto Transporte Coletivo Urbano. Um dos motivos do grande desgaste do ex-prefeito Neider e que já começou a desgastar o prefeito Mitre esta semana, por causa de vídeos e entrevistas em redes sociais.

A verdade é que o prefeito, com apenas um mês de mandato, já está se expondo de uma forma que não deveria, por causa de um problema que foi praticamente mantido propositalmente pela administração passada, exatamente para possibilitar o início do desgaste da administração atual, que ainda não enxergou isso. Ou seja, está faltando assessoria. Que o prefeito Mitre vai ter que “descascar o abacaxi”, ele vai, e de forma rápida e eficiente, mas ir para as redes sociais para dizer que é preciso resolver a situação buscando alternativas e talvez até subsidiando o transporte com o dinheiro público e o usuário pagando menos pela passagem, é, em nossa opinião, uma forma de entregar à empresa os recursos da ordem de R$ 18 milhões ou mais, parceladamente ou, como define a nossa manchete, por outras VIAS. Não concordamos, temos nossa opinião, que já foi colocada em editoriais anteriores no ano passado, questionando e/ou condenando a postura da administração passada em relação ao assunto.

Não vamos nos calar também agora e vamos defender o povo em quaisquer circunstâncias. Somos sabedores de que é um problema que precisa ser resolvido. A empresa tem suas razões por questões do período da covid-19 e também de aumento dos implementos e da manutenção. É necessário de fato encontrar uma solução plausível que não provoque “rombo” aos cofres públicos, que atenda a concessionária e principalmente que atenda ao usuário, isso sem que o restante da população, aquela que não usa o transporte, mas que, dentro das propostas do governo passado e agora deste que assumiu em janeiro, também está incluída no possível subsídio à empresa. Eles não têm nada com isso. Verdade?

Defendemos uma negociação justa para a empresa, que, observados os considerandos, também está prejudicada, pois os insumos subiram muito, mas ela tem que rever a sua prestação de serviços e, mais que isso, tratar com respeito o usuário. Ainda somos defensores da suspensão do contrato, mas temos o bom senso de saber que o prefeito não vai conseguir isso, por questões políticas. E não precisamos explicar. A verdade é que o embate é complicado e Gustavo Mitre acertou ao anunciar a formação de uma comissão para analisar a situação do contrato e as perspectivas sob todos os ângulos. Quanto à colocação em matéria de site de que ele pode subsidiar parte da passagem, não concordamos mesmo. E reafirmamos, é pagar os R$ 18 milhões por outras VIAS. Se quer é fazer isso, que tenha a coragem de reunir os vereadores e abrir o jogo, afinal, ele tem ampla maioria na Câmara, pelo menos é o que parece até aqui. Depois chama a imprensa e explica que vai solucionar de uma vez por todas o lenga-lenga do subsídio à ViaSul, que vem desde os meados do ano passado, porque a empresa alega prejuízos por causa da covid. E tem fundamento. Mas também exija dela o cumprimento do contrato em todos os seus parágrafos. E fiscalize diariamente. Mas essa de subsidiar a passagem, não concordamos. E, sinceramente, sabemos que o prefeito Mitre está, como dizem, “com saia-justa”.