PO-LI-TI-CA-GEM NO HOSPITAL

Articulações de bastidores para intervir na escolha do novo provedor

PO-LI-TI-CA-GEM NO HOSPITAL


Segundo fontes, prefeito tenta negociar “alternativa” ao empresário Maurício Nazaré, para não ter “sombra política” no futuro

Conforme a FOLHA divulgou na semana passada, o Conselho Comunitário da Casa de Caridade “Manoel Gonçalves” vai se reunir na próxima semana (terça-feira, dia 25) para, dentre outros assuntos, escolher os membros da provedoria do Hospital. E, conforme apurado, o empresário Maurício Nazaré (foto) deve assumir o cargo de provedor, tendo a companhia de Francisco Mourão e Antônio Guerra, no comando dos destinos do Hospital para os próximos anos. Essa composição, ainda segundo as fontes do jornal, tem tudo para se confirmar, já que não existem outros nomes dispostos a assumir o Hospital, dada a grande dívida construída pela instituição ao longo dos anos, já que a tabela do SUS – Sistema Único de Saúde está “congelada” há mais de uma década e os custos de manutenção dos serviços de saúde só aumentam, às vezes mais que a inflação anunciada.

Mourão e Guerra já compuseram a provedoria, em companhia da advogada Marilda Chaves, em período de calmaria e desenvolvimento da Casa de Caridade, que experimentou a implantação de novos serviços, como o Hospital do Câncer e até a construção de uma nova ala, a partir de doação da família proprietária da J. Mendes. Assim, Mourão e Guerra são unanimidade não só no Conselho Comunitário, mas na comunidade de forma geral, dado o serviço que tem prestado à sociedade ao longo dos anos.

Já o empresário Mauricio Nazaré é irmão de família de empresários com grande destaque no meio econômico de Itaúna, que lidera o meio empresarial há alguns anos, inclusive dominando as composições de comando do CDE- Centro de Desenvolvimento Empresarial de Itaúna, há mais de uma década, com relativo sucesso. Maurício já se envolveu com as ações do hospital, quando encabeçou um grupo de empresários para a implantação da estrutura de um CTI no “Manoel Gonçalves”, para atendimento a pacientes com Covid. O trabalho é reconhecido pela sociedade, visto que o trabalho realizado durante a pandemia foi exemplar, a partir da estrutura montada pelos empresários e com a participação da comunidade.

“O Maurício pode ter seus defeitos, mas é uma liderança que tem atuado sempre em favor da comunidade. Ele tem se mostrado presente nos principais momentos da cidade nos últimos anos. Isto ninguém pode tirar dele”, disse à reportagem um empresário itaunense que vê com bons olhos a possível escolha de Nazaré, Mourão e Guerra para administrar o Hospital.

Prefeito estaria atuando para buscar “alternativas”

Mas há quem não veja a situação com os mesmos “bons olhos” do empresário citado: é o prefeito Neider Moreira, que vê na possível escolha de Nazaré a possibilidade de alçar o empresário no mundo político e, assim, criar “uma sombra” para seus projetos futuros. Pura politicagem, afirmou um político consultado pela FOLHA, ao tomar conhecimento de que o prefeito estaria atuando junto a médicos e membros do Conselho para encontrar “uma alternativa” ao nome de Maurício Nazaré para a provedoria. Mourão e Guerra são aceitos pelo prefeito, mas o empresário já teria manifestado intenção de entrar na vida política e isso é visto como uma ameaça pelo prefeito que pretende se candidatar a deputado após deixar o comando da Prefeitura.

Assim as informações chegadas à reportagem são de que Neider Moreira está contatando médicos e outras pessoas ligadas ao hospital para formar uma chapa “alternativa” aos nomes já anunciados. O problema do prefeito é que está difícil encontrar quem se apresente para a tarefa, até porque o médico Augusto Machado, “apadrinhado” pelo prefeito e que foi eleito provedor, “não deu conta do trabalho e renunciou”, conforme criticou um membro do Conselho, que pediu para não ser identificado. “Não há quem queira assumir esta tarefa”, disse ele, “além do Maurício Nazaré, que terá as ótimas companhias de Mourão e Guerra”.

O medo da maioria das pessoas é de que a movimentação do prefeito tenha sucesso e o Hospital permaneça na atual situação, sem comando, sem expectativas de crescimento e com a constante ameaça de fechamento. Um dos resultados dessa situação, como apontou outro crítico, é o fato de Itaúna ser a nona colocada em verbas para a realização de cirurgias eletivas, dentre 13 municípios da região. “Isso é resultado da politicagem que tem imperado em Itaúna, onde quem está no poder não deixa que outras pessoas apareçam, com medo de perder o controle”, resumiu.