“Pra mim, isso aí foi feito de propósito, para contratar empreiteira!”

Vereador Antônio Da Lua faz séria acusação em relação à destruição dos emissários de esgoto em reunião extraordinária na Câmara

“Pra mim, isso aí foi feito de  propósito, para contratar empreiteira!”
Foto: Reprodução/Youtube/CMI


Na manhã da quinta-feira, 25, os vereadores de Itaúna se reuniram extraordinariamente para votar um pedido de abertura de crédito no valor de R$ 8 milhões no orçamento da Prefeitura. Como a FOLHA apontou na semana passada, o pedido do prefeito aconteceu para que o dinheiro do empréstimo aprovado em 2023, no total de R$ 22 milhões, possa ser utilizado. Conforme explicações do presidente da Mesa, Nesval Júnior, um problema ocorreu, porque a rubrica para a utilização do recurso existe no orçamento do SAAE e o dinheiro teria sido tomado pela Prefeitura junto ao BDMG. Na prática, aconteceu um erro de “entendimento”, pois a rubrica deveria ser no orçamento da Prefeitura, já que o empréstimo foi feito por esta entidade. Coisa de competência, disse um observador. 

O pedido do prefeito, porém, foi negado pela maioria dos edis presentes, com voto favorável apenas do trio Silvano, Lacimar e Léo da Rádio. A maioria dos vereadores voltou à carga na necessidade de se destinar o recurso para obras de reparação nos emissários de esgoto, mesmo que o empréstimo tenha sido aprovado para reforma da estrutura da ETA – Estação de Tratamento de Água. Mas a discussão do projeto, por outro lado, mostrou algumas situações que seriam de conhecimento dos edis e que até então não tinham chegado a público. Gustavo Dornas, por exemplo, informou que “70% da tubulação” para a reconstrução dos emissários de esgoto já estão no SAAE. Disse ainda que “a obra vai custar R$ 2 milhões”. Acrescentou ainda que tem informação de que a locação de máquinas para a obra vai custar R$ 500 mil. Mas não deixou claro se este valor já está incluído na previsão de custo de R$ 2 milhões. 

Disse ainda que os servidores da autarquia é que vão executar o serviço. Porém o interessante nessa informação é que o Executivo já havia informado anteriormente que seria necessário o valor de R$ 7 milhões para a reconstrução dos emissários. Foi fala, inclusive, da diretora da autarquia em participação na Câmara. É preciso que se explique esta diferença de R$ 5 milhões, ou seja, 350% de acréscimo na previsão de custo de uma obra que agora custaria R$ 2 milhões. 

Sérias acusações vêm à tona

A fala do vereador Da Lua traz uma séria acusação, ou pelo menos uma grave suspeita foi levantada. Ele disse, ao comentar sobre a destruição dos emissários de esgoto, que, “pra mim, isso aí foi feito de propósito, para contratar empreiteira (...)”. É uma suspeição muito séria e que precisa ser esclarecida, pois a ocorrência de uma situação dessa caracteriza crime de improbidade dos mais sérios, de corrupção total. É uma fala que aponta para uma situação que, se comprovada, seria crime de repercussão nacional. E se foi apenas “posicionamento pessoal”, “opinião”, lança dúvidas enormes sobre a administração municipal. 

Outra acusação séria contra a administração veio da parte da vereadora Edênia Alcântara. Ao debater o projeto, ela citou a situação que está ocorrendo no depósito da Prefeitura, instalado na região conhecida como “Reta de Santanense”. Conforme a vereadora, ela esteve lá recentemente e flagrou as seguintes situações: descarte de lixo e entulho no local, inclusive, “lixo de cemitério”. E, ainda, informou que uma rede de esgoto está estourada e despejando o esgoto no Rio São João. Dois crimes ambientais da maior gravidade. A FOLHA, inclusive, já está apurando a denúncia do descarte de lixo, que se confirma na denúncia da vereadora, que disse ter registrado queixa na polícia ambiental. Além da questão da multa, que, comprovando o fato, certamente virá, é preciso cessar com a ação naquele local imediatamente. “Caso de se lavrar o portão, determinar apreensão de maquinário e veículos e instaurar um inquérito no Ministério Público do Meio Ambiente, que pode gerar punições até criminais para envolvidos”, disse à reportagem um profissional do setor. É aguardar pelos desdobramentos. O fato é que a discussão de um projeto enviado pelo prefeito levantou esses e outros sérios problemas que necessitam de medidas urgentes.