Prefeito amplia “tempo de vida” dos ônibus da ViaSul

Neider aumentou duas vezes a “idade” permitida para os veículos, indo de 6 para 14 anos. Ônibus podem circular com “idade” aumentada em 133,34%... E a segurança dos passageiros?

Prefeito amplia “tempo de vida” dos ônibus da ViaSul
Foto: Reprodução/JOMI

O prefeito de Itaúna liberou mais um benefício para a empresa que presta serviços de transporte público urbano em Itaúna, e que pode aumentar riscos à segurança dos passageiros. Agora, os ônibus da ViaSul, que apresentam defeitos diariamente, vão poder rodar até com 14 anos de fabricação. E se houver um “reencarroçamento”, poderão rodar ainda mais alguns anos, até indefinidamente, pois não há limites colocados para esta situação. É o que está colocado no Decreto 8.657, assinado pelo prefeito Neider Moreira, no dia 11 de julho, e publicado nesta semana, no JOMI – Jornal Oficial do Município de Itaúna. 

O contrato assinado pelo ex-prefeito Osmando, no final de 2016, apontava que o “tempo de vida” dos ônibus que circulariam em Itaúna deveria ser de 6 anos. O prefeito atual, que assumiu em 2017, Neider Moreira, já fez duas prorrogações nesse prazo nos seus quase oito anos de mandato. Com isso, os ônibus que com seis anos de fabricação deveriam ser trocados, agora, passaram para 14 anos, ou seja, aumento na “idade” permitida para os veículos rodarem de oito anos (133,34%). É muito se considerada a quilometragem rodada dos veículos, de cerca de quase 100 km/dia, conforme informações não oficiais. Em um mês, um ônibus da ViaSul circula por algo em torno de três mil km. 

A informação é de que os itinerários têm, em média, 10 km de extensão. Ida e volta, 20 km/média. São feitas em torno de seis itinerários/dia, ou seja, 120 quilômetros rodados. Em um mês, 3 mil km em média, considerando-se que sábados e domingos há menor circulação. Em um ano, são mais de 30 mil km rodados por veículo. Com os acréscimos dados pelo prefeito Neider, cada ônibus da ViaSul poderá rodar mais 240 mil km em média, além dos 180/200 mil que eram previstos no contrato assinado em 2016. 

São mais 240 mil km a serem rodados nas péssimas condições em que se encontram a maioria dos veículos. Mais dinheiro para a empresa e menos segurança para os usuários, apontam os críticos. Isso porque, pelo contrato inicial, a cada 6 anos, os veículos deveriam ser trocados. Agora, com 14 anos eles podem ser “reencarroçados”, trocando a carroceria e mantendo motor e chassi. Logicamente, um veículo “reencarroçado” custa mais barato que um novo. Mas e a segurança oferecida? 

Economia que pode não estar sendo calculada nas planilhas 

Também é preciso avaliar que, para estabelecer a tarifa, este “tempo de vida” de 6 anos por veículo foi incluído na planilha e nas cláusulas do contrato. Com a ampliação dos prazos de validade dos veículos, não se sabe se o cálculo para se saber o preço da passagem levou em consideração esse “detalhe’. O valor do veículo com até 6 anos de fabricação é bem superior ao de um com 14 anos e isso deve ser levado em consideração no momento de calcular o valor da tarifa, conforme especialistas da área. Será que está sendo observado esse fator?