Prefeitura pode pagar subsídio de R$ 18 milhões
Bastidores apontam para a possibilidade, o que seria ceder às pressões da empresa, segundo críticos
Após a divulgação do pedido de aumento no preço da passagem pela empresa ViaSul, feita pela assessoria do prefeito, foi iniciado um trabalho de “avaliação”, que, segundo os críticos, nada mais é do que “ceder à pressão” e pagar os R$ 18 milhões (corrigidos?) à ViaSul. Isso mesmo, conforme comentários de bastidores sobre o caso, a solução caminha para o pagamento do subsídio. Como a maioria dos políticos que apoiam a atual administração se posicionaram contrários ao repasse dos R$ 18 milhões durante o governo passado, está-se buscando uma maneira de fazer o repasse sem prejuízos políticos para o grupo, segundo comentários de pessoas que acompanham de perto as negociações de bastidores.
Tão logo foi feita a divulgação pela Prefeitura de que não concederia o aumento da passagem, conforme o pedido, para R$ 7,80, o prefeito nomeou uma comissão para analisar o pedido. Com isso, conforme os críticos, deve ser apresentado um resultado de que o aumento no preço da passagem é necessário, talvez não nos índices pedidos. Então a saída a ser apontada será o repasse do subsídio – que possivelmente pode ter o valor alterado, porém nada muito significativo – com o compromisso da empresa de cumprir com as cláusulas que nunca cumpriu: trocar a frota por veículos em melhores condições, cumprir os horários estabelecidos, manter os veículos em condições de higiene e funcionamento mecânico sem problemas, instalação de guaritas etc.
Conforme os comentários de observadores, dessa forma, “os dois lados ficam satisfeitos e o cidadão continuará sendo enganado, feito de bobo”, como disse um político que está acompanhando a questão. E acrescenta que “a empresa nunca cumpriu com as cláusulas do contrato e não é agora que vai cumprir, porque mudou a administração. É preciso mais transparência neste processo todo e a melhor forma seria encerrar este contrato, colocar o serviço em nova licitação ou até mesmo o município assumir o transporte, já que está sendo necessário fazer repasses à empresa”, disse.
Subsidiar o transporte público ou assumir o serviço
O transporte público da maneira que vem sendo gerido no País, com o lucro sendo o principal objetivo, conforme opinião de vários especialistas, vai continuar neste caos atual. O problema é simples: o lucro está à frente de tudo e, assim, a prestação de um serviço razoável, pelo menos, fica para o último lugar da fila. Algumas cidades, como Belo Horizonte e Divinópolis, para citar dois casos próximos de Itaúna, optaram pelo sistema misto de custeio. O Município arca com parte do custo do transporte e o usuário paga a passagem mais barata. Na capital, além do repasse de algo em torno de R$ 400 milhões em 2024, a passagem custa R$ 5,75 atualmente para as linhas convencionais. Itinerários com quilometragem próxima do que ocorre em Itaúna têm passagens a R$ 2,75 para o usuário. Teve aumento nos valores no início deste ano.
Em Divinópolis, com repasses chegando na casa dos R$ 32 milhões nos últimos 4 anos – incluindo os R$ 11 milhões que estão estimados para 2025 –, desde 2020 não há aumento de valor para o usuário final. Quem paga direto tem o custo de R$ 4,15, e quem usa o cartão de transporte paga R$ 3,65. O problema é que esses custos incluem, além do custo real do serviço, mais o lucro das empresas. Como o transporte público é uma questão social, apontam analistas, o melhor seria os municípios assumirem o serviço, contando com repasses de recursos por parte dos governos estaduais e federal. Lembram que uma parte do que é entregue a parlamentares para fazer política poderia custear esse serviço tranquilamente. Mas o problema é que a classe política não renuncia a seus privilégios.
Se o subsídio for repassado à ViaSul, governo atual perde a credibilidade
O problema está aí e toda a “encenação armada” com o pedido de aumento feito pela empresa não segurará o baque na credibilidade da atual administração, que acabou de começar seu mandato, caso seja pago o subsídio à ViaSul. Essa é a opinião de grande parte dos políticos ouvidos pela reportagem, inclusive, aqueles ligados à administração. “Se for feito o repasse à ViaSul, vai ser um problemão para políticos que na administração passada eram ferrenhos contra o subsídio”, disse um político com mandato ao jornal.
Pelo visto, na opinião de boa parte da população e, consequentemente, do meio político, a melhor solução seria mesmo o rompimento com a ViaSul e uma nova licitação do transporte público. Ou, quem sabe, algum empresário do meio com ligações com Itaúna possa apresentar uma boa proposta para a prestação deste serviço aos itaunenses?