Quase 30 mil multas e nenhuma prestação de contas

Motoristas reclamam do número alto de notificações e da falta de investimentos na melhora do tráfego. Políticos são questionados sobre necessidade de prestar contas

Quase 30 mil multas e nenhuma prestação de contas
Os estacionamentos irregulares em toda a área central, os avanços de sinal e os abusos dos motociclistas em toda a cidade devem ser monitorados e aplicadas multas


Com a publicação de mais um edital com notificações de multas na cidade, motoristas itaunenses entraram em contato com a reportagem para gritar por socorro. “Não dá mais para aguentar esta sanha punitiva, esse desespero arrecadatório, ao mesmo tempo em que não se vê uma ação sequer que melhore o trânsito na cidade. E nem uma prestação de contas sobre os milhões arrecadados”, desabafou um motorista que trafega diariamente pelas ruas da cidade. Disse ele que a situação está insuportável por parte dos cidadãos. “É muita punição no sentido de arrecadar e nenhuma atitude para regular o trânsito, melhorar as condições de tráfego e nem para punir os verdadeiros crimes de trânsito que são cometidos a toda hora, impunemente”, acrescenta. 

E mais uma fonte arrecadatória deve ser recolocada em ação nos próximos dias, alertou. A Prefeitura está assinando novo contrato de parceria com a Polícia Militar e vão ser retomadas as remoções de veículos (reboques) em estacionamentos irregulares, assim como a aplicação das multas por estacionamento irregular. Desde que o trânsito foi municipalizado na cidade, para que a Polícia Militar atue nesta fiscalização, deve ser assinado contrato para a prestação do serviço – visto que a Prefeitura não tem a Guarda Municipal, que teria poderes para executar esse serviço. Assim, por alguns meses a PM ficou sem atuar na fiscalização do trânsito, porque o contrato anterior tinha vencido. Agora, com a assinatura do contrato, vai voltar a multar e os reboques voltarão a remover os veículos. 

Avanços de sinais e outros crimes serão fiscalizados? 

Conforme os reclamantes, o questionamento que fica sem resposta é o porquê de só ocorrer atuação da fiscalização de trânsito em relação ao estacionamento irregular. As outras infrações não estão incluídas no contrato? E apontam que levantamentos sobre as infrações mais comuns registradas no trânsito das cidades são as seguintes: “não usar cinto de segurança”, “transportar crianças sem respeitar os dispositivos de retenção”, “avançar semáforos vermelhos”, e “estacionamento/parada que comprometa o fluxo de automóveis”. Além dessas, também são registrados o “excesso de velocidade” e “estacionamento irregular”, assim como ultrapassagem indevida, manobras irregulares no desenvolvimento do trânsito, como conversão proibida e outras. 

Porém, como apontam motoristas de Itaúna, “parece que aqui só se cometem essas duas infrações. São quase trinta mil notificações nos radares, em um ano, por excesso de velocidade. E, agora, o anúncio de que devem voltar as punições por estacionamento proibido. Só no primeiro caso, uma fortuna em arrecadação já foi para os cofres públicos municipais, mas não existe prestação de contas”, alerta. E lembra que o dinheiro arrecadado com essas multas deve ser investido em melhoria no trânsito da cidade, o que não ocorre. 

“Quando muito, fazem umas postagens, colocam umas faixas e falam que estão fazendo campanha. Não existem outras ações, como nas demais cidades, de conscientização de trânsito. Só punição que acaba em arrecadação de dinheiro. Se preocupam em arrecadar apenas”, desabafa. E completa: “e não aparece um vereador, um político, uma autoridade, para exigir a prestação de contas desse dinheiro todo que é arrecadado”, conclui.

Foto: Arquivo/FOLHA