Tecnicismo não soluciona o problema, nem rebater matéria

“Caridade na medida certa” foi o título da reportagem contestada pelos servidores com pedido de “direito de resposta”. E os pedintes, andarilhos e viciados continuam por aí...

Tecnicismo não soluciona o problema, nem rebater matéria




No dia 20 de maio, na edição de número 1.532 da FOLHA, foi publicada na página 6 matéria que tinha na chamada a frase “caridade ‘na medida certa’”. O título afirma que “Entidades têm muito trabalho apresentado. Mas...”, indicando que falta algo nesta área em Itaúna. E no subtítulo a informação de que as “ruas continuam cheias de andarilhos, e usuários de drogas, muitos deles com atitudes ‘condenáveis’, segundo críticos”. A matéria, como pode ser inferido, apreendido, notado, entendido, na chamada, no título e no subtítulo, trata de uma situação em que Itaúna se encontra e que causa desconforto na maioria das pessoas, aponta trabalhos que são realizados e a necessidade de ações mais eficazes, mais eficientes, pois o problema persiste.

De uma maneira geral, o tema destaca os trabalhos que são realizados, principalmente pelas entidades beneficentes, mas aponta também a necessidade de se fazer algo mais efetivo, com mais eficiência, eficácia... para combater o problema. Porém alguns servidores municipais entendem que não há mais o que fazer, pois rebatem a matéria com um pedido de “direito de resposta”, que seria mais prático se fosse colocado como um debate, uma proposta de discussão em torno do tema, como, aliás, foi proposto na matéria. Mas não, “amparados” nos artigos e parágrafos da lei, acusam a necessidade de concessão de um “direito de resposta, ou retificação do ofendido”, pois foi assim que se sentiram esses servidores. 

Assinam o pedido de “direito de resposta” o chefe do Núcleo de Apoio às Pessoas em Situação de Rua, Giovanni Rodrigues Bernardo, a educadora social Heleni Lourdes Magela Azevedo e mais 4 funcionários, entre os quais foi possível distinguir apenas mais dois nomes nas assinaturas: Mariana Bouços (Sic) da Silva Rodrigues e Kátia Maria de Freitas Camargos. No pedido, apesar de questionarem a matéria, não especificam onde e quando, nem como foram ofendidos para que citassem os vários artigos legais como embasamento para pedirem o direito de responder. Em seguida, alinham uma série de critérios técnicos, citando legislação pertinente ao setor de assistência social e relatam que o Posto Avançado fez a triagem de 32 pessoas em janeiro, 31 em fevereiro, 34 em março, 33 em abril, e 35 em maio – que é preciso ser dito, ainda não havia terminado quando redigiram o texto. Um arrazoado de tecnicismo e de abordagens sobre o cumprimento de legalidades sobre o tema. E daí?

Bom, o pedido de direito de resposta em questão poderia ser comparado à reclamação de um técnico de futebol às críticas da torcida. Com a diferença de que, se o técnico de futebol não apresentar resultados, a torcida continua reclamando até forçar a diretoria a demitir o técnico, a trocar por outro, até que resultados práticos sejam apresentados. O que a população cobra, questiona, pede, como as torcidas, são resultados práticos, que se traduzam em eficiência, eficácia (basta ver o significado destas duas palavras). E sabem que a “troca do técnico” ou dos “técnicos”, ó pode acontecer a cada quatro anos.

Não se questiona o trabalho das pessoas, mas o resultado que não aparece

Não é questão, como afirmam no texto que encaminharam, de se afirmar que “temos sido efetivos dentro da política nacional de assistência social (...)”. Não se trata disso, caros profissionais. Trata-se de alguns fatores: as ruas, as praças, as esquinas da cidade de Itaúna estão repletas de moradores de rua, de pedintes, de viciados, como não se via antes. Na Praça da Matriz, eles abundam em número e gestos de inconveniência. Defecam e jogam suas fezes nas lixeiras que ficam defronte à igreja. Usam droga durante o dia. Incomodam moças e senhoras que passam por ali. Amedrontam quem passa pela praça durante a noite. Esparramam lixo pelas ruas centrais. E nos sinais, quase achacam os motoristas, pedindo dinheiro. Essa semana mesmo, na segunda-feira, na Rua Gioconda Corradi, esquina com Av. Jove Soares, o pedinte, viciado em droga, levou um soco, de um motorista, que saiu do carro e protagonizou a agressão, depois de ser ofendido. Esse mesmo pedinte já foi agredido no mesmo local. Não faz 90 dias um dos repórteres do jornal presenciou outro motorista, sair do carro de desferir um murro nele, devido a palavrões e ameaças, após negar a dar dinheiro. Os funcionários públicos acham isso normal, natural? É disso que se fala na matéria, apontando ainda o fato de que o problema não é só de Itaúna, mas que em outras cidades existe um controle melhor da situação.

Não se trata, caros servidores, de questionar as práticas legais, a expertise técnica, a abordagem adequada, o cumprimento da legislação. Trata-se, e tão somente, de cobrar mais eficácia, mais eficiência na política aplicada para que a população, que se sente incomodada com os problemas, sofra menos do que vem sofrendo. Só isso. E cobrança de resultados é função da imprensa. Resultados é o que se espera de um governo constituído, de autoridades detentoras de mandato. Cada qual no seu quadrado, e o jornal continuando com a cobrança de resultados práticos, pois o pedido de direito de resposta não os apresenta, basta dar uma voltinha pelas esquinas onde há semáforo, na Praça da Matriz ou na Praça da Lagoinha, dentre outros. Direito de resposta? Sinceramente. Quem sabe juridicamente!?