Um debate insano! É nosso único hospital

Já repeti isso por inúmeras vezes, mas, mais uma vez, será necessário. Desde que pisei na redação da FOLHA, em meados de 1972, ouço ou leio sobre o assunto Hospital Manoel Gonçalves de Sousa Moreira. E, mais uma vez, em 2025, portanto, 53 anos depois, continuo lendo e ouvindo, e também assistindo às prestações de contas e debates sem fim sobre como resolver a questão da dívida da instituição filantrópica que presta assistência à saúde para todos os itaunenses, sem exceção, pois o rico, quando tem problema, é lá que tem o primeiro atendimento, pois não dá tempo de chegar ao heliporto e acionar o helicóptero para ir para a capital mineira ou São Paulo. Então é aqui que os investimentos devem ser feitos, e não é difícil, pois são muitas as maneiras de direcionar recursos para o Hospital, obtendo descontos nos impostos a pagar das empresas, dentre outras alternativas. Sei que vão dizer que as grandes empresas e os ricos já fazem isso. E realmente fazem, mas do jeito deles e impondo. Poderiam fazer mais e de maneira regular, e sem as imposições.
Depois de ter acesso à prestação de contas feita pela provedoria na reunião do fim do mês, quando foi apresentando um superávit nas contas, mas já sendo antecipado que as coisas não estavam boas e os problemas viriam se os convênios, principalmente com o Município, não fossem renovados e a ajuda de prefeitura não fosse efetivada de forma mais substancial. E, para dar mais transparência às contas, a provedoria da Casa compareceu esta semana à Câmara Municipal para mostrar e explicar a prestação de contas apresentadas ao Conselho Comunitário no fim do mês de março. O provedor Antônio Guerra mostrou e explicou, e muito bem explicado, a situação. Que entendo ser péssima, mesmo não tendo nenhum conhecimento de gestão e muito menos de contabilidade.
A única coisa que entendo a ser feita é que se faz necessário, e faz décadas, união em prol de uma instituição que, como já frisado, cuida de todos os itaunenses, independentemente de credo, raça, perfil social e ou situação econômica. Chega a ser intolerável assistir aos debates em torno do assunto “situação financeira do Hospital”. Causa náusea, pois é muita hipocrisia nos posicionamentos dos “políticos de carteirinha” e dos empresários sanguessugas que gostam de aparecer, mas não fazem nada substancial para mudar a situação da entidade filantrópica.
Em minha opinião, chegou a um momento em que é preciso resolver de uma vez por todas a questão, e aí é preciso o envolvimento de todos e um posicionamento firme do representante do Ministério Público, que tem responsabilidades e que precisa se posicionar, cobrando, exigindo e fiscalizando. Mas, mais que isso, o MP precisa deixar que o trabalho planejado possa fluir, para que novos serviços e adequações possibilitem novos meios de captação de recursos com o oferecimento de serviços. Estou ciente, por exemplo, de que há recursos de multas que serão destinados para as obras de revitalização do Hospital Antigo, mas estes estão impedidos de ser usados, pois a Justiça entende que é preciso, primeiro, que as obras sejam feitas para uma posterior liberação. Ora, se não há liberação antecipada, não há como fazer a obra. E, sem o prédio finalizado, não há como fazer o que se pretende, levar a administração do Hospital para o prédio, para que se possa instalar outros serviços como o de oncologia, que possibilitarão mais recursos para a instituição. Sinceramente não entendo. As informações são de que as obras de revitalização podem ser paralisadas a qualquer momento, porque uma juíza entende que não pode liberar os recursos das multas aplicadas a empresas pelo MP e que já foram destinas para a revitalização do prédio. Pelo que me falaram, a juíza está aguardando um pronunciamento à consulta feita ao Tribunal de Justiça. Sinceramente, ora, ora, ora...
Acho também que a direção da instituição deveria agir com mais flexibilidade. Quanto se fatura por mês com o estacionamento rotativo do Hospital? R$ 30, 60, 90 mil? Por que esse recurso não pode ser usado nas obras para depois serem ressarcidos, após a liberação dos recursos das multas pela Justiça? É preciso agir com deliberação rápida, para que as coisas fluam em prol do equacionamento de um único problema: o faturamento total do Hospital, que hoje é negativo.
Esta coisa de vereador ficar “dando ideia” de destinar duodécimo, conseguir verba para “tapar buraco” orçamentário e/ou trabalhar “politicamente” para solucionar a questão não funciona. Repito: a discussão é cansativa e já se tornou insana. É preciso ação, proficuidade e, mais que isso, coragem para encarar o problema de frente. Os municípios vizinhos utilizam o Hospital e não contribuem. Isso vai continuar assim. A prefeitura anunciar que vai “ajudar”, mas, na verdade, o que ela faz é trocar serviços, o pronto-socorro, responsabilidade dela, funciona no Hospital e ela paga pelos serviços. É bom? Sim, mas poderia pagar mais. Não vai pagar; o governo federal não vai “mexer” no SUS, ou seja, atualizar a tabela do Sistema Único de Saúde; e a Unimed já faz o que pode, apesar de ser bom para os dois: cooperativa e Hospital. E o pior, em algum momento, ela, Unimed, sairá de lá. E, ao que parece, não vai demorar tanto, basta o seu hospital ficar pronto. Então só há uma alternativa para o Hospital Manoel Gonçalves de Sousa Moreira trabalhar para conseguir sobreviver dos recursos próprios, gerando possibilidades de novos serviços e fonte de renda. Não há outra solução. Tudo além disso torna-se uma discussão insana, que existe desde que consumiram a fortuna deixada pelos beneméritos Manoelzinho e Dona Cota. Porque, como já dizia o jornalista Sebastião Nogueira Gomide, o Piu, colocaram no bolso a fortuna do Manoelzinho. E a história confirma isso.
Essa discussão sobre o Hospital precisa acabar, pois ela é mesmo insana.